O ministro Celso de Mello, do Supremo, rejeitou ontem o pedido do PDT, PSB e PV para apreender o celular do presidente Jair Bolsonaro no inquérito que apura suposta interferência política na Polícia Federal e deu recados na decisão (leia aqui no site do STF a íntegra). Disse que cabe ao Ministério Público, e não a partidos políticos, solicitar diligências em um processo judicial; e sobre a ameaça de Bolsonaro de não entregar o celular caso fosse intimado, frisou que o descumprimento das decisões judiciais é uma afronta à Constituição e citou trecho do discurso de Ulysses Guimarães no encerramento da Assembleia Constituinte:
"A Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o confessa ao admitir a reforma. Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca. Traidor da Constituição é traidor da Pátria. Conhecemos o caminho maldito. Rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio e o cemitério."
Ao comentar a decisão que cita o patrono de seu partido, a senadora Simone Tebet (MDB-MS), que preside a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, escreveu hoje no Twitter: "Celso de Mello não recorreu a Ulysses. Foi o espírito de Ulysses que iluminou Celso. Cansou de ver e ouvir, lá de cima, o grito e a ação do autoritarismo e o silêncio da omissão pela democracia. O texto das mãos do Celso teve o dedo em riste do Ulysses",
Não tenho dúvida: Celso de Mello não recorreu a Ulysses. Foi o espírito de Ulysses que iluminou Celso. Cansou de ver e ouvir, lá de cima, o grito e a ação do autoritarismo e o silêncio da omissão pela democracia. O texto das mãos do Celso teve o dedo em riste do Ulysses. pic.twitter.com/tmgIOi8gm8
— Simone Tebet (@SimoneTebetms) June 2, 2020