"No coração da gente". O slogan de campanha usado por André Puccinelli (PMDB) ao disputar a cadeira de prefeito de Campo Grande, que ocupou por oito anos e de onde se projetou para virar governador de Mato Grosso do Sul também por dois mandatos, é bastante conhecido na cidade. Mas quem afinal criou o símbolo do coração de suas campanhas? Não é obra de nenhum marqueteiro e, embora tenha sido novidade para os eleitores da Capital daquela época, o coração usado por André já era coisa antiga.
Foi a marca de sua primeira campanha quando disputou em 1982 a prefeitura da pequena cidade de Fátima do Sul, seu berço político e de outras conhecidas lideranças do estado como o deputado Londres Machado (PR). Lá de Fátima, o professor Wagner Cordeiro Chagas, nosso colaborador, revela: a ideia de usar o coração como símbolo foi de Nilton Giraldelli, ex-vereador que em 1988 disputou a cadeira de prefeito de Fátima com seu amigo André de vice na chapa. Em e-mail enviado ao professor, Giraldelli relembrou a história:
– "Estávamos reunidos em umas trinta pessoas na edícula do fundo da casa do André na rua Severino Araújo Ferreira e discutíamos a necessidade de criar um símbolo. Diante de várias sugestões, eu disse: ´Estamos colocando nosso coração, muito ideal e muita garra nessa campanha. Além do mais o André é médico, cirurgião geral e se precisar operar um coração ele opera`. Então, a ideia do coração se materializou. O André mandou fazer todo o material de campanha com o símbolo do coração, que perdura até hoje".
Na época, cada partido poderia lançar até três candidatos à prefeitura pela sublegenda. Em Fátima do Sul, o PDS lançou dois: o médico Hermindo de David, apoiado pelo grupo do deputado Londres Machado, e Danilo Alves Corrêa, irmão do então deputado estadual Manfredo Corrêa, com apoio do atual prefeito Samir Chafic Garib. O PMDB lançou Puccinelli e Alcides Rodrigues, este representando o distrito de Vicentina.
A disputa foi acirrada. Logo em sua eleição de estreia, André foi o mais votado. Obteve 6.320 votos, e Alcides obteve obteve 394, somando 6.714. Porém, Hermindo se elegeu prefeito com 4.047 votos que somados aos 2.732 de Danilo totalizaram 6.779 na legenda, só 65 a mais do que o total obtido por André e Alcides.
Brotava ali uma histórica rivalidade política entre o agora ex-governador André, que acaba de concluir seu segundo mandato, e o ex-deputado Londres, que se aposentou das disputas eleitorais e acaba de encerrar em 2014 seu décimo-primeiro mandato consecutivo na Assembleia, um recorde mundial.
Depois da eleição, Wilson Martins (PMDB), que se tornou naquele ano o primeiro governador eleito de Mato Grosso do Sul, nomeou o médico Puccinelli como secretário estadual de Saúde, dando início a sua carreira política em Campo Grande.
Acima, a imagem de um histórico "santinho" da primeira campanha eleitoral de Puccinelli, reproduzida do arquivo André Honorato, morador de Vicentina, que foi candidato a uma cadeira de vereador em Fátima naquele ano. A imagem nos foi enviada pelo professor Wagner Cordeiro de Chagas para a seção Garimpando História do Blog.
Dois anos depois, dúvidas persistem sobre os nomes da ponte sobre o rio Paraná que liga a BR 267 em Bataguassu (MS) ao fim da Rodovia Raposo Tavaras em Presidente Epitácio (SP). Afinal, porque trocaram o nome e quem coordenou essa mudança?
Essa história fez o empresário Josué Emídio (citado aqui no blog como "o cara do chapéu") a perder uma aposta para amigos, em Campo Grande. "Insisti que a campanha foi coordenada pelo deputado Amarildo, do PT. Mas não há registro disso e perdi a aposta, porque no Google está escrito que o projeto que dá nome à ponte é assinado por outro deputado do PT, o Vander Loubet", conta o Josué.
Para dirimir a dúvida, conversei com o deputado Amarildo. O petista relatou que a ponte de 2.550 metros que liga MS e SP recebeu o nome de Helio Serejo em 2012 para homenagear o jornalista e escritor que nasceu em Nioaque (MS), morou em Presidente Vesceslau (SP) e faleceu aos 95 anos em Campo Grande (MS).
Serejo, justifica o petista, foi o principal entusiasta e coordenador da “Campanha de Propaganda Pró-Construção da Ponte sobre o Rio Paraná” que mobilizou lideranças dos dois estados e fez o barulho chegar ao Distrito Federal, até que a obra, iniciada no governo de Juscelino Kubitschek foi, enfim, concluída pelo general Castelo Branco, chefe do governo militar, em 1964.
Porém, ao ser entregue à população no início do regime miliar, a ponte ganhou o nome do engenheiro e político do Rio de Janeiro, Mauricio Joppert da Silva, que foi ministro dos Transportes por três meses (de novembro de 1945 a janeiro de 1946) no governo de José Linhares. "Como o Joppert nada teve a ver com a obra, resolvemos lançar uma campanha para mudar o nome da ponte e homenagear Hélio Serejo", explica Amarildo, deputado estadual sul-mato-grossense, que nasceu em Presidente Epitácio (SP) e é radicado em Mato Grosso do Sul.
"Promovemos audiências públicas nos municípios da região da divisa. Houve resistência de algumas lideranças, sob o único argumento de que o povo já estava acostumado com o nome do Joppert e que não havia sentido mudar. Aos poucos, conseguimos explicar que o ex-ministro nem ao menos visitou a região. E que a homenagem deveria ser a alguém que aqui viveu e lutou pela construção da ponte", justifica Cruz.
Por se tratar de obra federal e sua jurisdição parlamentar ser estadual, Amarildo buscou o apoio do deputado federal e companheiro de partido Vander Loubet (PT-MS), que lançou o projeto. A proposta foi aprovada pelo Congresso e sancionada como a Lei 12.610/2012 pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP), que exercia interinamente a Presidência, e foi publicada no Diário Oficial da União em 11 de abril de 2012, fazendo jus ao historiador Hélio Serejo.
Do Gaudêncio Torquato, na coluna Porandubas Políticas (Migalhas):
"Quando Winston Churchill, ainda jovem, acabou de pronunciar o seu 1º discurso, na Câmara dos Comuns, foi perguntar a um velho parlamentar, amigo de seu pai, o que tinha achado do seu desempenho naquela assembleia de vedetes políticas. O velho pôs a mão no ombro de Churchill e disse-lhe em tom paternal :
– Meu jovem, você cometeu um grande erro. Foi demasiado brilhante neste seu primeiro discurso. Isso é imperdoável ! Devia ter começado um pouco mais na sombra. Devia ter gaguejado um pouco. Com a inteligência que demonstrou hoje, deve ter conquistado, no mínimo, uns trinta inimigos. O talento assusta.
Ali estava uma das melhores lições que um velho sábio pode dar ao pupilo que se inicia numa carreira difícil. Encastelados medíocres se fecham como ostras à simples aparição de um talentoso jovem que os possa ameaçar."
Por Gaudêncio Torquato, na coluna Porandubas Políticas, do site Migalhas:
"Bate-boca no Parlamento inglês
Aconteceu num dos discursos de Churchill em que estava uma deputada oposicionista, Lady Astor, conhecida pela chatice, que pediu um aparte (sabia-se que Churchill não gostava que interrompessem os seus discursos), mas concedeu a palavra à deputada.
E ela disse em alto e bom tom :
– Sr. ministro, se Vossa Excelência fosse o meu marido, eu colocava veneno em seu chá !
Churchill, lentamente, tirou os óculos, seu olhar astuto percorreu toda a plateia e, naquele silêncio em que todos aguardavam, mandou :
– Nancy, se eu fosse o seu marido, eu tomaria esse chá com prazer!"