O governador do Rio de Janeiro afastado do cargo, Wilson Witzel (PSC), foi acusado de cobrar 10% de sete prefeituras para repassar verbas do Fundo Estadual de Saúde aos municípios de Petrópolis, São João de Meriti, Paracambi, Itaboraí, Magé, Saquarema e São Gonçalo. A denúncia foi feita em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) pelo empresário Edson Torres. Segundo o MPF, Torres afirmou que o dinheiro ia para o Pastor Everaldo, presidente nacional do PSC e figura importante no governo Witzel, que foi preso no dia 28 de agosto pela Polícia Federal na investigação do esquema de corrupção no Rio. Conforme a delação, em setembro do ano passado o então secretário de Saúde, Edmar Santos, foi alertado sobre a dificuldade de cumprir o coeficiente mínimo de aplicação de recursos da Saúde e criou o esquema para distribuir R$ 600 milhões aos municípios pelo fundo, para que os valores entrassem no cálculo, como prevê a Constituição. No Twitter, Witzel rebateu as acusações (leia abaixo) dizendo que "Edmar e Edson Torres, bandidos confessos, se infiltraram no Governo e agora querem me incriminar".
Com eles foram encontrados milhões. Comigo, um centavo sequer! Tenho convicção de que voltarei a governar o RJ e continuarei implacável no combate à corrupção. Este é o temor das máfias que atuam no nosso Estado.
— Wilson Witzel (@wilsonwitzel) September 21, 2020
A Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Receita Federal deflagraram hoje a Operação E$quema S que cumpre 50 mandados de busca e apreensão em endereços de advogados, escritórios e empresas investigadas por supostos desvios de cerca de R$ 355 milhões do Sesc, Senac e Fecomércio do Rio de janeiro entre 2012 e 2018. Entre os alvos das buscas estão o advogados Frederick Wassef, que já defendeu o senador Flávio Bolsonaro; Cristiano Zanin e Roberto Teixeira, que representam o ex-presidente Lula; e a advogada Ana Tereza Basilio, que defende o governador afastado do Rio, Wilson Witzel. As ordens são cumpridas no Distrito Federal e em cinco estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Alagoas, Ceará e Pernambuco. Os advogados citados negam envolvimento em irregularidades. A OAB nacional criticou a nova fase da operação Lava Jato, que classificou como "clara iniciativa de criminalização da advocacia brasileira". O atual presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, foi citado como beneficiário de repasse de R$ 120 mil em 2014 pela Fecomércio-RJ, em delação premiada do ex-presidente da entidade, Orlando Diniz - leia aqui.
A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) abriu hoje um processo de impeachment contra o governador Wilson Witel (PSC). O anúncio foi feito no fim da tarde pelo presidente da Casa, André Ceciliano (PT), após colocar o assunto em votação simbólica, aprovado por 69 votos a zero. Só o deputado Rosenverg Reis (MDB) se ausentou. Agora, a Alerj vai publicar a decisão para que partidos indiquem representantes à comissão que vai ouvir a defesa e analisar se aceitará a denúncia. O pedido de impeachment foi feito pelos deputados Luiz Paulo e Lucinha, ambos do PSDB, que acusam Witzel de crime de responsabilidade nos seguintes casos: compra de respiradores para pacientes da Covid-19 com suspeita de superfaturamento; construção de hospitais de campanha, cuja licitação é alvo de investigação; parecer do TCE pela rejeição das contas de 2019 do governo Witzel; suposto vínculo de Witzel com o empresário Mário Peixoto e revogação da desqualificação da OS Unir Saúde, que seria ligada a Mário Peixoto e está sob suspeita do Ministério Público Federal, informa o site da Alerj. Em nota, Witzel disse que recebeu a notícia com "espírito democrático e resiliência" e que vai provar sua inocência.
Governador do Rio vira alvo da PF
Postado: 26 Maio 2020 às 09:45 - em: Principal