Ao homologar a delação do ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, o relator da Lava Jato no Supremo, Edson Fachin, atendeu o pedido de Rachel Dodge e arquivou os trechos que citavam o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o ex-prefeito de Marília (SP) José Ticiano Dias Toffoli, irmão do presidente do STF José Antonio Dias Toffoli; o ministro do STJ Humberto Martins e o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), José Múcio Monteiro, diz o Estadão. Raquel Dodge alegou que não havia elementos suficientes para justificar a abertura de investigação nesses casos, o que levou os seis procuradores da Lava Jato na PGR a pedirem demissão coletiva no ínicio do mês (Leia aqui).
Raquel Dodge virou hoje alvo de críticas do senador Jorge Kajuru (Patriota-GO) no Twitter, após defender a cassação do mandato da senadora Selma Arruda (PSL-MT), acusada de caixa dois, e a realização de novas eleições no vizinho Mato Grosso para preencher a cadeira ocupada pela ex-juíza que ficou conhecida como "Moro de saias". Em uma das postagens, Kajuru chamou Dodge de "goiana canalha" e acrescentou: "conheço tudo da Dodge, inclusive o preço!!!", ao compartilhar foto da procuradora com a frase: "Enquanto o inquérito contra Renan Calheiros levou 4 anos para ser arquivado, Dodge levou menos de um ano para pedir a cassação da senadora Selma Arruda, que assinou a CPI da Lava Toga". Em outra postagem, Kajuru escreveu: "Dodge, opine sobre suas negociatas nos 20 anos de Marconi Perillo!". O senador também compartilhou uma entrevista que deu a Revista Época, em que ele afirma que não receberá o indicado à PGR, Augusto Aras: "Pra que vou ficar com um cara falando bem dele?? Eu que tenho de puxar sua capivara e até agora normal!! E melhor que a Dodge , até um poste!!!".
DODGE GOIANA CANALHA, NÃO VALE NADA!!! SOU GALAXIE, SOU SELMA FC E CONHEÇO TUDO DA DODGE, INCLUSIVE O PREÇO!!! VÁ SE... pic.twitter.com/O9UvA7dsPY
— Senador Kajuru (@SenadorKajuru) September 11, 2019
PRA QUE VOU FICAR UM CARA FALANDO BEM DELE? EU QUE TENHO DE PUXAR SUA CAPIVARA E ATÉ AGORA NORMAL!!! E MELHOR QUE A DODGE, ATÉ UM POSTE!!! KAJURU NA REVISTA ÉPOCA GLOBO!!!https://t.co/SHearODrkx
— Senador Kajuru (@SenadorKajuru) September 11, 2019
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu ao Supremo para que revogue decisão que libertou envolvidos na Operação Lama Asfáltica em Mato Grosso do Sul como o empreiteiro João Amorim. No recurso, Dodge afirma que decisão da Suprema Corte foi violada pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), ao conceder habeas corpus aos acusados. Leia aqui a íntegra da manifestação da PRG.
O escolhido por Jair Bolsonaro para substituir Raquel Dodge no comando da Procuradoria Geral da República provocou críticas de apoiadores do presidente nas redes sociais, que enxergam Augusto Aras ligado à esquerda e sem interesse de combater a corrupção. Leandro Ruschel, bolsonarista com mais de 300 mil seguidores no Twitter, escreveu na rede social: "No seu maior erro até aqui, @jairbolsonaro indicou o esquerdista Augusto Aras para chefiar a PGR, o sujeito que deu festa para Dirceu, prestou homenagens a Che Guevara, além de já ter criticado a Lava Jato". No início da noite, Bolsonaro usou sua live semanal no Facebook e pediu para seguidores apagarem as críticas. "Eu peço a vocês. No Facebook, você fez um comentário pesado, retira, dá uma chance para mim. Você acha que eu quero colocar alguém lá para atrapalhar a vida de vocês? Não quero". O presidente afirmou que escolheu um novo procurador que tenha nota 7 em todos os quesitos, e não apenas 10 no combate à corrupção. "Eu peço a você que acredita em mim, que continue acreditando até que eu prove o contrário, me dá esse voto de confiança". Veja aqui o vídeo.
O presidente Jair Bolsonaro anunciou hoje o subpocurador Antonio Augusto Brandão de Aras como novo procurador-geral da República para os próximos dois anos, no lugar de Raquel Dodge, cujo mandato termina no dia 17 deste mês. O nome de Aras não constou na lista tríplice apresentada pela associação dos procuradores ao presidente, quebrando uma tradição que vinha sendo mantida desde 2003, mas já vinha sendo citando dentre os favoritos há algumas semanas. A indicação será enviada ao Senado, onde Aras será sabatinado na CCJ comandada pela senadora Simone Tebet (MDB-MS) e depois precisará ser aprovado pelo plenário da Casa, onde, até hoje, nunca houve rejeição aos indicados à PGR pelo presidente da República. Ao anunciar Aras para chefiar o Miistério Público Federal, Bolsonaro afirmou que "uma das coisas conversadas com ele foi na questão ambiental: o respeito ao produtor rural e também o 'casamento' da preservação do meio ambiente com o produtor". Veja o vídeo.
Presidente @jairbolsonaro anuncia Augusto Aras como novo Procurador-Geral da República. #pgr #procuradoriageraldarepública #augustoaras pic.twitter.com/AayciCUFRV
— TV BrasilGov (@tvbrasilgov) September 5, 2019
Os seis procuradores do grupo de trabalho da Lava-Jato na Procuradoria-Geral da República (PGR) pediram demissão coletiva na noite anterior, alegando "grave incompatibilidade" com a procuradora-geral Raquel Dodge. Conforme O Globo, o motivo da demissão seria o fato de Dodge, ao ter enviado na terça-feira a delação premiada do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro ao Supremo, ter solicitado à Corte para arquivar trechos em que o empreiteiro diz ter feito repasses via caixa dois ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e ao ex-prefeito de Marília (SP) José Ticiano Dias Toffoli, irmão do presidente do Supremo, José Antonio Dias Toffoli. O Globo lembra que publicou em junho (leia aqui) que o ministro Dias Toffoli e Rodrigo Maia vinham defendendo, junto ao presidente Jair Bolsonaro, a recondução de Dodge ao comando da PGR. Em nota (leia a íntegra aqui), Raquel Dodge disse que "age invariavelmente com base em evidências, observa o sigilo legal e dá rigoroso cumprimento à Constituição e à lei" e que "todas as suas manifestações são submetidas à decisão do Supremo".