O Estadão de hoje diz que o ex-ministro petista da Justiça José Eduardo Cardozo defende o senador Aécio Neves e, ao contrário do também ex-ministro Osmar Serraglio, afirma que o tucano o procurou, mas nunca tentou interferir na PF, e sim pedindo "investigação imparcial". Sobre o assunto, a resenha do site Migalhas jurídicas observa: "Ora, ora. É preciso lembrar que Cardozo era do PT, e é óbvio que Aécio não iria tentar se imiscuir no ninho alheio. Já com Serraglio, que tem carne fraca, a tentativa de meter o bico nas escolhas dos delegados, segundo depoimento do próprio Serraglio, houve, sim senhor."

Osmar Serraglio (PP-PR) confirmou a denúncia da PGR de que Aécio Neves (PSDB) tentou interferir nas investigações na Lava-Jato. Ao blog Poder em Jogo, de O Globo, o deputado paranaense acusou o senador tucano de pressioná-lo, quando era ministro da Justiça, para nomear um delegado da Polícia Federal "de sua preferência para investigar suas ações delituosas". Na denúncia aceita nesta semana pelo Supremo, que tornou Aécio réu, o então procurador-geral Rodrigo Janot diz que Serraglio foi substituído no ministério, em maio do ano passado, sob pressão de Aécio e outros parlamentares contra a Lava Jato. Serraglio adicionou outro nome à lista: “Pressões semelhantes advieram do senador Renan Calheiros (PMDB), ex-presidente do Congresso Nacional, multi-investigado pela Polícia Federal", afirmou. Em nota, a assessoria de Aécio negou pressão e alegou que suas conversas só relataram "inconformismo" com inquéritos.

A troca de Osmar Serraglio pelo crítico da Lava Jato, Torquatro Jardim, feita por Michel Temer em meio ao furacão das denúncias da JBS, está entre "tiro no pé" ou... na operação. O fato de o intocável Renan Calheiros fazer questão de elogiar o novo ministro da Justiça torna o cenário ainda mais temeroso para quem defende as ações da PGR, PF e Moro.

O presidente Michel Temer anunciou neste domingo que decidiu transferir Torquato Jardim, ex-ministro do TSE, do Ministério da Transparência para comandar o Ministério da Justiça, no lugar do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). Conforme acaba de anunciar Cristiana Lôbo em seu blog na Globo.com, Serraglio, que vinha enfrentando fortes resistências no Ministério da Justiça e é alvo de investigações da Operação Carne Fraca, fica no governo: vai para o Ministério da Transparência no lugar de Torquato. Se Serraglio voltar à Câmara, seu suplente Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), que foi afastado do cargo pelo Supremo após flagrado pela PF recebendo uma mala de propina da JBS, perderá o foro privilegiado que mantém seu caso no Supremo e afasta a possibilidade de ser julgado por um juiz da Lava Jato.