Depois de anunciar que a decisão seria tomada só na quarta-feira pela segunda turma especializada, da qual é presidente, o desembargador Antonio Ivan Athié, do Tribunal Regional da 2ª Região, mudou de ideia e resolveu revogar hoje a prisão preventiva do ex-presidente Michel Temer, do ex-ministro Moreira Franco e de mais seis investigados que estavam detidos na quinta-feira por decisão do juiz federal do Rio, Marcelo Bretas. Athié, que é relator do caso no TRF-2, concluiu que as prisões afrontavam garantias constitucionais, ao analisar o caso no fim de semana. "Ressalto que não sou contra a Lava Jato, ao contrário, também quero ver nosso país livre da corrupção que o assola. Todavia, sem observância das garantias constitucionais, asseguradas a todos, inclusive aos que a renegam aos outros, com violação de regras não há legitimidade no combate a essa praga", escreveu Athié na decisão temporária, que terá o mérito julgado pela turma na sessão de quarta-feira.

O juiz federal Marcelo Bretas, que determinou a prisão do ex-presidente Michel Temer, e do seu ex-ministro e ex-governador do Rio Moreira Franco, deixou claro em sua decisão que pretende evitar que eventual recurso de Temer ao Supremo seja encaminhado ao ministro Gilmar Mendes, que já concedeu habeas corpus a vários investigados da Lava-Jato no Rio, diz O Globo. Na ordem de prisão, Bretas frisou que “não há relação entre este procedimento [a operação de hoje] e as ações penais derivadas das denominadas operações Saqueador e Calicute e seus desdobramentos", que têm Gilmar Mendes como relator no STF. Conforme a imprensa, a expectativa é de que pedidos de liberdade de presos da operação de hoje, chamada de Descontaminação, sejam analisados por Edson Fachin ou por Luís Roberto Barroso no STF.

"Maia brigou com Moro. Que é amigo do Bretas. Que mandou prender Temer e Moreira Franco. Que é sogro do Maia. E a Lava-Jato no Rio está com quem no STF? Gilmar. Que não gosta do Moro nem do Bretas. O dia não vai ser monótono" escreveu hoje no Twitter – a respeito da Operação Descontaminação deflagrada hoje pela Polícia Federal – Pedro Abramovay, mestre em direito constitucional pela UnB, doutor em ciência política pelo IESP-UERJ, e diretor da Open Society Foundations para a América Latina e Caribe.

Wellington Moreira Franco é o quinto ex-governador do Rio de Janeiro a ser preso por corrupção. Como aconteceu com Michel Temer em São Paulo, a Polícia Federal abordou o carro do ex-ministro das Minas Energias hoje no Rio, mostra o vídeo abaixo exibido pela TV Record. Com ele, todos os ex-governadores do RJ que estão vivos foram presos ao menos uma vez, incluindo o casal Anthony Garotinho e Rosinha, e dois que continuam na prisão: Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão.

O ex-presidente Michel Temer foi preso hoje pela manhã quando estava saindo de casa em seu carro interceptado por policiais federais em São Paulo, e depois foi levado para o Aeroporto de Guarulhos, informa a Globo News. No Rio, foi confirmada a prisão do ex-ministro de Temer e ex-governador Moreira Franco. A Operação Descontaminação deflagrada hoje como desdobramento da Lava Jato cumpre oito mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária e 24 de busca e apreensão no Rio, São Paulo, Paraná e no Distrito Federal, expedidos pelo juiz federal Marcelo Bretas.

O ex-presidente Michel Temer foi preso hoje em São Paulo pela Polícia Federal, que também cumpre mandado de prisão contra seu ex-ministro Moreira Franco (Minas e Energia), ambos do MDB, ambos expedidos pelo juiz federal Marcelo Bretas, responsável por casos da Lava Jato no Rio. O ex-ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), que chegou a ser citado pelo O Globo, não está entre os alvos. Temer responde a dez inquéritos. Cinco abertos quando era presidente, tramitavam no Supremo, e foram para a primeira instância depois que ele deixou o cargo. É o segundo ex-presidente da República preso pela Lava Jato, depois de Lula, condenado em segunda instância. A operação de hoje, informa O Globo, tem por base a delação do operador de propinas do antigo PMDB Lúcio Funaro, homologada pelo Supremo, sobre o esquema de corrupção no Congresso chefiada por antigos caciques do partido como os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha, preso em Curitiba, e Henrique Eduardo Alves.

Uma semana depois de Ronaldo Nogueira (PTB) deixar o cargo de ministro do Trabalho, hoje foi a vez de Marcos Pereira, do PRB, pedir demissão do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Marcos Pereira publicou a carta de emissão no Facebook e, conforme o site G1, alegou a Temer que pretende "trabalhar" sua campanha para deputado federal, embora, pela legislação eleitoral, tivesse até abril para deixar o governo. O ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral) disse ao blog do Valdo Cruz do G1 que, por enquanto, não há cotado para a vaga, e não está garantido que o ministério continuará sob comando do PRB, sigla ligada à Igreja Universal. "Isso ainda será discutido", informou.

Do Lauro Jardim em blog no O Globo: "Executivos da Record procuraram no final de agosto Moreira Franco em busca de recursos para o filme "Nada a perder", que conta a vida do bispo Edir Macedo. Moreira encaminhou o pedido para a CEF avaliar. O banco analisou a proposta e disse 'não' ao longa que a Igreja Universal quer que seja o recordista público da história do cinema nacional."