Integrantes de um grupo que se autointitula Comando de Insurgência Popular Nacionalista da Família Integralista Brasileira assumiram o atentado contra a sede da produtora do Porta dos Fundos, alvo de coquetéis molotov na madrugada de terça-feira, véspera de Natal, em Humaitá, no Rio de Janeiro. Em um vídeo que começou a circular ontem na deep web (web profunda) e mostra imagens do ataque, três homens encapuzados dizem o "Porta dos Fundos resolveu fazer um ataque contra a fé do povo brasileiro se escondendo atrás do véu da liberdade de expressão". As críticas ao canal começaram após o especial de Natal "A primeira tentação de Cristo" exibido pela Netflix. "Hoje, a sede do Porta dos Fundos foi justiçada. Uma vez que a Justiça brasileira, a modo de judas, vendeu uma sentença ilegal a favor da Netflix, uma corporação bilionária", diz um dos homens na gravação em referência da decisão da Justiça que negou liminar para retirar o programa do ar (leia aqui). Conforme a imprensa, o mesmo grupo teria feito um ataque na Universidade Federal do Rio (UniRio) no fim do ano passado, queimando faixas antifascistas. A Polícia do Rio investiga o caso.
Além da manifestação contrária de deputados estaduais conforme aqui divulgado, a Seccional da Ordem do Brasil de Mato Grosso do Sul (OAB-MS) também manifestou repúdio à comédia especial de Natal do grupo Porta dos Fundos, "Primeira Tentação de Cristo", feita para a Netflix. Por meio de sua Comissão de Assistência e Liberdade Religiosa, a OAB-MS diz que no filme "se vê profundo desrespeito às religiões cristãs, católica e protestante" e que sua exibição "profana a religião cristã de forma vergonhosa". Leia aqui a íntegra no site da OAB-MS.
A polêmica nacional em torno da comédia "A Primeira Tentação de Cristo" produzida pelos atores e sócios do Porta dos Fundos, Fábio Porchat e Gregório Duvivier, para a Netflix, chegou à Assembleia de Mato Grosso do Sul onde deputados estaduais criticaram ontem o programa que retrata Jesus como um personagem gay e sugere um triângulo amoroso entre José, Maria e Deus. "Acredito que essa retratação de Jesus foi uma falta de vergonha até dos próprios atores. Nós, cristãos, que somos a maioria em nosso País, não podemos aceitar esse tipo de coisa", disse o deputado Antônio Vaz (Republicanos) que convocou um boicote à Netflix. O deputado Herculano Borges propôs uma moção de repúdio à Netflix e Lídio Lopes (Patriotas) afirmou que o episódio "é uma vergonha". O líder do Governo, Barbosinha (DEM) apoiou: "Independente da religiosidade e da fé, este assunto agride a todos". Na quarta-feira, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (SP) criticou o filme e escreveu no Twitter: "Somos a favor da liberdade de expressão, mas vale a pena atacar a fé de 86% da população? Fica a reflexão."
A @NetflixBrasil acaba de lançar um "Especial de Natal" onde Jesus Cristo (@gduvivier) é gay e tem relações com @FabioPorchat, além de se recusar a pregar a palavra de Deus
— Eduardo Bolsonaro???????? (@BolsonaroSP) December 11, 2019
Somos a favor da liberdade de expressão, mas vale a pena atacar a fé de 86% da população? Fica a reflexão. pic.twitter.com/OtgLJ8ryGu