Três meses depois de assumir o cargo, Fernando Segóvia, deixa o comando da Polícia Federal e será substituído pelo delegado Rogério Galloro. A decisão foi tomada pelo ministro Raul Jungmann, depois de assumir hoje o recém-criado Ministério da Segurança Pública. Indicado por José Sarney, Segovia teve sua curta temporada no comando da PF marcada pela desconfiança de que sua missão seria "blindar" Michel Temer e outros peemedebistas investigados pela corporação.

Jungmann considerou a situação de Segovia insustentável após ele afirmar à agência Reuters que o inquérito que investiga Temer podeia ser arquivado e que o delegado responsável pelo caso poderia ser punido. As declarações provocaram reações de delegados da própria PF e Segovia foi intimado pelo ministro Luís Roberto Barroso, relator da investigação no Supremo, a se explicar sobre a entrevista. Na segunda-feira, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu para Barroso emitir uma ordem judicial para proibir Segovia de comentar a investigação.

Pegou muito mal dentro e fora da corporação, e até no Planalto, a entrevista do diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, à agência Reuters, em que declarou que a tendência na PF é recomendar o arquivamento da investigação em que o presidente é suspeito de beneficiar a empresa Rodrimar com o decreto que renovou concessões no Porto de Santos. Segovia foi intimado pelo relator da investigação contra Temer, no Supremo, ministro Luís Roberto Barroso, a explicar suas declarações, após o carnaval. Para Barroso, a conduta de Segovia "é manifestamente imprópria e pode, em tese, caracterizar infração administrativa e até mesmo penal". O ministro entendeu que o diretor da PF ameaçou o delegado do caso, "que deve ter autonomia para desenvolver o seu trabalho com isenção e livre de pressões". Depois da péssima repercussão, Segovia, como a maioria costuma fazer, culpa a imprensa, dizendo que suas declarações foram mal interpretadas.