Mato Grosso do Sul deve economizar quase R$ 100 milhões ao ano com a retirada da vacina contra a febre aftosa a partir do ano que vem. No Brasil a economia será de R$ 250 milhões/ano. Os dados foram apresentados durante o 5º Fórum do PNEFA-MS no auditório da Famasul, em Campo Grande.

Mato Grosso do Sul terá status de área livre de febre aftosa, sem vacinação, a partir de 2023, ao concluir em novembro deste ano a última etapa para obter o título do Ministério da Agricultura. O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) disse neste sábado que essa condição abrirá mercados para a pecuária sul-mato-grossense.

Ao receber hoje a ministra Tereza Cristina (Agricultura) e o governador Reinaldo Azambuja no Palácio de los López, sede do governo paraguaio em Assunção, o presidente Mario (Marito) Abdo Benítez confirmou que estará no dia 20 deste mês na fronteira com Mato Grosso do Sul para assinar a contratação da empresa que fará o projeto da construção da ponte ligando Porto Murtinho ao seu país. A obra, bancada pela Itaipu Paraguai, será fundamental para a aberta da rota Bioceânica ligando o Brasil aos portos do Chile. No Twitter, o presidente Marito classificou a ponte como "passo histórico" para a ligação aos portos do Pacífico.

Além da ponte, o secretário Jaime Verruck (Semagro) disse ao Blog (ouça o áudio abaixo) que "a pauta está sendo extremamente positiva" e também foram discutidos temas como a hidrovia no Rio Paraguai, calendários conjuntos para controle de sanidade animal e vegetal como a ferrugem da soja e o combate à febre aftosa. "Ainda neste mês os ministérios da Agricultura dos dois países vão assinar um cronograma sobre controle de animais na fronteira" informou Verruck. Também participaram do encontro o vice-governador Murilo Zauith, o secretário Eduardo Riedel (Governo), o presidente da Assembleia Paulo Corrêa e o conselheiro da Itaipu, Carlos Marun. 

O governador Reinaldo Azambuja visitará o Paraguai no início da semana que vem, onde vai se reunir com o presidente Mario (Marito) Abdo Benitez. A viagem é prevista a princípio para segunda e terça-feiras (8 e 9) em parceria do governos estadual e federal e deve contar com a ministra Tereza Cristina (Agricultura). O governador disse ao Blog que, além da construção da ponte ligando Porto Murtinho ao país vizinho a ser bancada pela gestão paraguaia da Itaipu, estão na agenda temas como "segurança publica na região de fronteira, vigilância sanitária e área livre de aftosa sem vacinação". O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Paulo Correa (PSDB), vai integrar a comitiva como convidado.

Termina neste sábado o prazo para pecuaristas da região do Pantanal em Mato Grosso do Sul vacinarem bovinos e bubalinos contra a febre aftosa. Até esta sexta-feira, conforme dados do Iagro, 92,80% do rebanho foi vacinado na região do planalto e 93,35% na fronteira. Nessas regiões a campanha terminou em 31 de maio. No Pantanal, onde o pecuarista pode optar por vacinar em maio ou novembro, 70,33% do rebanho foi vacinado. Até o fechamento desta notícia ainda haviam 1.926.212 doses de vacina comercializadas, ainda não declaradas no sistema da agência, indicando que os índices podem ser maiores. Neste sábado também termina o prazo para pecuaristas das regiões do planalto e fronteira registrarem a vacinação e os da região do Pantanal têm até o dia 30 deste mês para fazer o registro. Conforme o coordenador do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção de Febre Aftosa (PNEFA), Fernando Endrigo Ramos Garcia, nos últimos cinco anos MS figura entre os cinco estados com os melhores números em todo País.

Ao representar o governo federal neste sábado na abertura da 85ª ExpoZebu, em Uberaba (MG), que celebra o centenário da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), a ministra Tereza Cristina (Agricultura) disse que a retirada da exigência da vacinação contra a aftosa, escalonadamente por blocos de estados  até 2023, vai exigir empenho do governo e dos produtores para impulsionar as exportações de carne do Brasil. "A retirada da vacina vai exigir muito dos pecuaristas, do governo, das associações, da compreensão de todos. Com a retirada da vacina teremos um upgrade nas exportações de carnes e miúdos brasileiros", afirmou. Tereza também falou da viagem que fará em maio a Japão, China, Vietnã e Indonésia. "O carro-chefe desta viagem são as proteínas animais, as carnes de bovinos, suínos e aves. Esse é o mote. Temos as frutas também. Na soja, nós temos um mercado consolidado e vamos firmar nossa posição de bons parceiros, diante do volume e da qualidade da soja que o Brasil exporta para esses países e queremos continuar exportando".

Cerca de 18 milhões de doses de vacina contra febre aftosa estão à disposição de Nicolás Maduro,diz o Ricardo Boechat na IstoÉ: "Só no mês passado, o governo Michel Temer e laboratórios privados doaram 2,5 milhões de doses ao país vizinho, único nas Américas não reconhecido como livre da afotsa. O rebanho venezuelano tem cerca de 15 milhões e 450 mil cabeças. O estoque será entregue de graça a criadores privados, sob a custódia da Panaftosa, órgão ligado à Organização Mundial de Saúde", informa o colunista.

O Brasil receberá o certificado de área área livre da febre aftosa com vacinação fa Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês) no dia 20 de maio, em congresso da entidade em Paris. "É algo de enorme relevância, de uma abertura ainda maior de mercados em todo o planeta para nossos produtos", disse o senador Wlademir Moka (MDB-MS) ao anunciar a medida ontem, no Senado, lembrando que 180 países fazem parte da OIE. A erradicação alcança 25 estados, incluindo Mato Grosso do Sul. Santa Catarina já era considerado área livre da doença com vacinação. "Essa condição traz para o país evidentes impactos positivos na consolidação e na ampliação de mercados para os produtores pecuários brasileiros. Por essa razão, a luta contra a febre aftosa é tarefa de todos", disse o senador licenciado como ministro da Agricultura e Pecuária, Blairo Maggi.