Depois de seis anos à frente da operação, o procurador Deltan Dallagnol confirmou em vídeo na tarde de hoje que vai deixar nos próximos dias o comando da Lava Jato em Curitiba, conforme divulgou pela manhã a CNN. O motivo, diz o procurador, são problemas de saúde da filha, que com pouco mais de um ano de vida apresentou "sinais de "sinais de regressão no seu desenvolvimento", como esquecer palavras que já tinha aprendido a falar, e que está passando por diagnósticos médicos. A divulgação ocorre pouco antes do fim do prazo de vigência da força-tarefa no Paraná, que termina no dia 10 deste mês e não se sabe se será prorrogado pelo Ministério Público Federal. A decisão cabe ao procurador-geral da República, Augusto Aras, que, conforme a CNN, saiu de férias nesta semana, retornará ao trabalho no dia 8, e só na véspera do fim do prazo deverá anunciar se vai prorrogar por mais um ano, ou não, a operação em Curitiba. "Continuarei a lutar contra a corrupção como procurador e como cidadão", disse Dallagnol ao postar o vídeo abaixo. No Twitter, o ex-ministro Sérgio Moro elogiou a ação do procurador na Lava Jato e disse esperar que o trabalho da força-tarefa prossiga.
Sim, é verdade que estou de saída da coordenação da Lava Jato. É uma decisão difícil, mas o certo a fazer por minha família. Continuarei a lutar contra a corrupção como procurador e como cidadão. A Lava Jato tem muito a fazer e precisa do seu e meu apoio.https://t.co/IInBrHL38U
— Deltan Dallagnol (@deltanmd) September 1, 2020
Parabenizo o Procurador Deltan Dallagnol pela dedicação à frente da Força Tarefa da Lava Jato em Curitiba, trabalho que alcançou resultados sem paralelo no combate à corrupção no País. Apesar de sua saída por motivos pessoais, espero que o trabalho da FT possa prosseguir.
— Sergio Moro (@SF_Moro) September 1, 2020
Procuradores da República rebateram críticas à Lava Jato feitas pelo presidente do Supremo, Dias Toffoli, em entrevista publicada hoje pelo Estadão de S.Paulo, afirmando que a operação "destruiu empresas" e que o Ministério Público é "pouco transparente". O coordenador da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, classificou como "irresponsabilidade" a fala de Toffoli e escreveu no Twitter. "É fechar os olhos para a crise econômica relacionada a fatores que incluem incompetência, má gestão e corrupção". O procurador Minas Gerais, Wesley Miranda Alves, afirmou na rede social: "O atual e crescente combate à corrupção não se deve ao STF. Ocorre apesar do STF." O procurador Roberson Pozzobon, também da Lava Jato em Curitiba, postou no Twitter: "Dias Toffoli disse que 'o Ministério Público deveria ser uma instituição mais transparente'. Interessante comentário de quem determinou a instauração de inquérito no #STF de ofício, designou relator 'as hoc' e impediu por meses o MP de conhecer a apuração".
Dizer que a Lava Jato quebrou empresas é uma irresponsabilidade:
— Deltan Dallagnol (@deltanmd) December 16, 2019
1. É fechar os olhos para a crise econômica relacionada a fatores que incluem incompetência, má gestão e corrupção.
Toffoli, em manobra diversionista, direciona as críticas feitas à sua atuação e à de outros ministros do STF à própria magistratura. NÃO, O STF DE HOJE NÃO REPRESENTA A MAGISTRATURA NACIONAL. O atual e crescente combate à corrupção não se deve ao STF. Ocorre apesar do STF.
— Wesley Miranda Alves (@wesleymir) December 16, 2019
Dias Toffoli disse que “o Ministério Público deveria ser uma instituição mais transparente”.
— Roberson Pozzobon (@RHPozzobon) December 16, 2019
Interessante comentário de quem determinou a instauração de inquérito no #STF de ofício, designou relator “as hoc” e impediu por meses o MP de conhecer a apuraçãohttps://t.co/QNZPNsG2Tt
Nesta segunda-feira, fim do prazo conforme aqui divulgado, o procurador Deltan Dallagnol enviou ao Conselho Superior do Ministério Público Federal (MPF) ofício em que pede para não ser incluído na lista de procuradores aptos a ocupar uma das vagas abertas nas procuradorias regionais no Rio Grande do Sul ou de Brasília, que atuam na segunda instância da Justiça Federal, informa O Globo. Se fosse promovido, Deltan seria obrigado a deixar Curitiba, onde coordena a Lava Jato.
Entre a promoção e a Lava Jato
Postado: 19 Outubro 2019 às 14:00 - em: Principal