O Governo de Mato Grosso do Sul rejeitou hoje pedido de lideranças do comércio de Campo Grande para liberar o funcionamento do setor nesta semana e manteve as medidas de isolamento social contra a covid-19 que entraram em vigor em MS sexta-feira e se estendem até o dia 4 de abril. Acompanhados do prefeito da Capital, Marquinhos Trad (PSD), o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-CG), Adelaido Vila, e a presidente da federação lojista (FCDL), Inês Santiago, foram recebidos pela manhã na Governadoria pelos secretários estaduais Sérgio Murilo (Governo e Gestão Estratégica) e Geraldo Resende (Saúde) e argumentaram que o setor segue as medidas de biossegurança. Sérgio Murilo disse considerar naturais as manifestações contra o decreto, mas afirmou que "o momento exige medidas duras" que seguirão em vigor. Pressionado pelos comerciantes, o prefeito Marquinhos disse, conforme o site estatal, que ainda vai conversar sobre o assunto com o governador Reinaldo Azambuja.
A Prefeitura de Campo Grande publicou hoje o decreto com novas medidas restritivas para tentar frear o avanço da covid-19 que lota leitos públicos e privados de hospitais da cidade, com a antecipação de feriados e liberação só de serviços considerados essenciais a partir da próxima segunda-feira até o domingo seguinte (28). Dentre o período, serviços como supermercados, padarias, lojas de vendas de ração, templos e igrejas, postos de combustíveis, farmácias, hotelaria e outras atividades poderão funcionar respeitando as regras de biossegurança, limite máximo de lotação de 40% da capacidade total permitida e o toque de recolher vigente das 20 às 5h. Veja aqui no site da prefeitura a íntegra da relação de atividades e serviços permitidos.
A partir de domingo o toque de recolher contra o avanço da covid-19 será das 20h às 5 em todos os municípios de Mato Grosso do Sul, ampliando o horário que proíbe a circulação de pessoas hoje em vigor que em Campo Grande começa a partir das 23h e em outras cidades às 22h. É o que prevê decreto do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) publicado hoje em edição extraordinária do Diário Oficial, com medidas mais rígidas para tentar conter o avanço da doença que lota hospitais do estado.
"As medidas definidas nesse decreto foram baseadas na ciência para evitar o colapso dos sistemas de saúde e salvar vidas", disse Azambuja por meio da assessoria. "Os setores da economia têm até sábado para se organizar e fazer um planejamento de suas ações", emendou o governador, afirmando que descartou um lockdown sugerido pelo Centro de Operações de Emergências (COE-MS) para atender reivndicações de setores da economia e dar segurança aos empresários neste momento.
O decreto determina ainda que aos sábados e domingos serviços considerados não essenciais só poderão abrir ao público das 5h às 16h. Todos estabelecimentos poderão receber no máximo 50% da sua capacidade de público, com distância obrigatória de 1,5 metro de uma pessoa para outra. Eventos e reuniões ficam limitados a 50 pessoas em espaços que possam abrigar esse público com distância mínima de 1,5 metro. Ficam proibidas festas e outros eventos que possam gerar aglomerações. Leia aqui a íntegra no Diário Oficial do Estado.
Com votação unânime dos 24 deputados, inclusive do presidente Paulo Corrêa (PSDB) que não seria obrigado a votar, a Assembleia Legislativa aprovou nesta sexta-feira o decreto de calamidade pública no Estado de Mato Grosso do Sul devido à epidemia de coronavírus que até ontem registrava nove casos confirmados, oito em Campo Grande e um em Sidrolândia. A sessão foi aberta por Corrêa com mais oito deputados em plenário: Herculano Borges e Lucas de Lima (SD), Lidio Lopes (Patri), Gerson Claro (PP), Neno Razuk (PTB), Marçal Filho (PSDB), Professor Rinaldo (PSDB) e Capitão Contar (PSL). Os demais votaram online pelo WhatsApp por recomendação da Mesa Diretora para evitar aglomeração. O decreto autoriza o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) a agilizar investimentos em ações contra o vírus e para reforçar o atendimento de saúde. A Alems também vai criar uma comissão de deputados para acompanhar os atos do governo com base no novo decreto. "Ontem final do dia o governador nos acionou e hoje cedo já demos a resposta nesse esforço conjunto para que o Estado possa agir rápido, sem precisar, por exemplo, fazer trâmites de licitações, e assim agir de forma ágil e cirúrgica" disse Paulo Corrêa. Por se tratar de decreto legislativo, o texto já foi promulgado pelo presidente da Assembleia e publicado (leia aqui) no Diário Oficial da Casa.