Pela primeira vez na história da República, o Tribunal Superior Eleitoral vai decidir sobre uma chapa presidencial, Dilma-Temer, envolvendo uma ex-presidente e um presidente em exercício do cargo. Embora possa se supor que a maioria dos integrantes da Corte esteja alinhada ao governo central, desta vez pesa na balança a opinião pública. E neste caso deve pesar declaração do ministro do Supremo, Luís Roberto Barroso, levada ao ar pela TV Globo (veja aqui) ontem em seus telejornais:
– "Nós vivemos uma possibilidade de um novo começo no Brasil, que é utilizar essa experiência, dessa corrupção ampla e institucionalizada, para, tal como fizemos com a ditadura, tal como fizemos com a tortura, poder dizer: 'Corrupção nunca mais'. Não uma corrupção de nível zero. Todo país tem um nível de corrupção, mas é preciso criar uma cultura de honestidade, é preciso mostrar para as novas gerações que ser honesto vale a pena porque a corrupção valoriza os espertos e não os bons. Espero que esse julgamento, como todo julgamento deve ser, seja de acordo com a Constituição e com a leis e que seja capaz de produzir a justiça que a sociedade brasileira espera."
Fosse dita nos bastidores de outrora, essa declaração não teria tanto efeito. Transmitida em rede nacional pela emissora de TV com maior audiência no País, o impacto sobre a cabeça dos ministros do TSE é inegável, já que cada um deles têm a prerrogativa de escolher seu papel na história. Embora, um já cogitado pedido de vistas, possa adiar esse capítulo por tempo indeterminado.