Do Gaudêncio Torquato em suas Porandubas Políticas:
"Jânio Quadros assumiu a presidência da República, proibiu brigas de galo (veja o decreto aqui). A ordem era irrecorrível:
– Se cantar, terreiro. Se brigar, panela.
José Resende de Andrade, delegado em Belo Horizonte, era janista, zeloso e fiel executor da lei. Mandou prender todos os galos de briga da região metropolitana. José Resende levou a galada para os fundos da delegacia, na Praça da Liberdade.
De madrugada, começou a alvorada cantante. Magalhães Pinto, governador do Estado, dormindo próximo, no Palácio da Liberdade, foi despertado pela orquestra de José Resende, mandou dar um jeito imediato na zoeira.
José Resende recebeu a ordem, não discutiu. Matou todos. Um galicídio. Até hoje os amigos o chamam de Zé Cocó, o mata-galo. E ele, muito mineiramente, sorri modesto:
– O dever não distingue o canto do infrator."