Um decreto do presidente Jair Bolsonaro alterou hoje a data da exoneração de Abraham Weintraub do cargo de ministro da Educação publicada no último sábado (20), quando o ex-ministro já havia chegado aos Estados Unidos. Pela nova publicação presidencial, a data oficial da exoneração passa a ser dia 19, sexta-feira. A Secretaria-Geral da Presidência alega que Weintraub pediu exoneração na sexta, mas o documento só chegou ao órgão no sábado, quando foi feita a publicação. A mudança acontece depois de o Ministério Público de Contas ter acionado ontem o Tribunal de Contas da União (TCU) para que investigue se, com ajuda do Itamaraty, Weintraub usou passaporte diplomático de ministro do MEC para ingressar com facilidade nos EUA, evitando a quarentena obrigatória naquele país por causa da Covid-19. Ontem, o ex-ministro postou as fotos abaixo no Twitter e escreveu: "Agradeço a todos que me ajudaram a chegar em segurança aos EUA, seja aos que agiram diretamente (foram dezenas de pessoas) ou aos que oram por mim".
Agradeço a todos que me ajudaram a chegar em segurança aos EUA, seja aos que agiram diretamente (foram dezenas de pessoas) ou aos que oram por mim.
— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) June 22, 2020
Aproveito para dizer que estou bem. Quanto à culinária internacional, ontem fiquei tentado a comer uns tacos, acabou sendo KFC. pic.twitter.com/7Ea3sCVKQW
Abraham Weintraub amanheceu neste sábado nos Estados Unidos, um dia depois de dizer no Twitter que estava "saindo do Brasil o mais rápido possível" e afirmar à CNN que a intenção era evitar fosse preso ou morto (leia aqui). "Obrigado a todos pelas orações e apoio. Meu irmão está nos EUA", escreveu hoje na rede social o assessor da Presidência, Arthur Weintraub. O MEC também confirmou a viagem. Só depois, a exoneração do agora ex-ministro da Educação foi publicada hoje no Diário Oficial da União, pelo presidente Jair Bolsonaro, que nomeou como interino o secretário-executivo do MEC, Antônio Paulo Vogel, até definir o titular. Ontem, o senador Fabiano Contarato (PSB-ES) protocolou no Supremo um pedido de apreensão do passaporte de Weintraub, que é alvo do inquérito no STF que apura a disseminação de fake news e ameaças aos ministros da Corte. Indicado pelo governo Bolsonaro a uma vaga na diretoria do Banco Mundial, Weintraub espera aprovação de outros países do grupo para assumir o cargo, cujo mandato termina em outubro, quando o Planalto terá de fazer nova indicação.
"Estou saindo do Brasil o mais rápido possível (poucos dias). Não quero brigar! Quero ficar quieto, me deixem em paz. Porém, não me provoquem!", escreveu Abraham Weintraub no Twitter hoje, um dia depois de anunciar em vídeo ao lado do presidente Jair Bolsonaro que vai deixar o Ministério da Educação e assumir um cargo no Banco Mundial. À CNN, declarou: "A prioridade total é que eu saia do Brasil o quanto antes. Agora é evitar que me prendam, cadeião, e me matem". Ele já foi indicado pelo governo para assumir uma representação brasileira Banco Mundial, em Washington (EUA), e agora só depende de aprovação de outros países. A remuneração no cargo é de US$ 21,5 mil mensais (cerca de R$ 115,9 mil), quase quatro vezes mais do que o salário de ministro do MEC, de R$ 31 mil. "Com isso (ida para o Banco Mundial), eu, minha esposa, nossos filhos e até nossa cachorrinha vamos poder ter a segurança que hoje está me deixando muito preocupado", disse Weintraub ontem no vídeo (veja aqui), ao anunciar sua saída do governo.
A multa de R$ 2 mil por não usar máscara de prevenção à Covid no domingo em Brasília durante ato de apoiadores do governo, quando voltou a falar em "vagabundos" (desta vez sem citar diretamente os ministros do Supremo - veja aqui), é o menor dos problemas de Abraham Weintraub. O episódio não agradou Jair Bolsonaro, que disse em entrevista à BandNews ontem que seu ministro da Educação não foi "muito prudente". "Não foi um bom recado. Ele não estava representando o governo, estava representando a si próprio", declarou. "Como tudo que acontece cai no meu colo, mais um problema que estamos tentando solucionar com o Sr. Abraham Weintraub", acrescentou Bolsonaro. Veja aqui em vídeo no site da Band.