Por Itamar Novaes (*)
O GP da Alemanha trazia muita expectativa para Rubens Barrichello. Largando em segundo lugar ele poderia finalmente cravar a centésima vitória de um brasileiro na F-1. E se aproximar mais de Jenson Button no campeonato. O inglês largaria mais atrás.
Mas a teoria num esporte como a Formula Um é muito distante da realidade, às vezes. Existem muitas variáveis na equação de uma corrida. A realidade das pistas é que prevalece no final. Barrichello largou muito bem. Disputou a primeira posição na largada com Mark Webber (na foto comemorando a primeira vitória), o pole, que num afã de se manter em primeiro,forçou a barra e tocou no carro do brasileiro.Tal manobra foi julgada pela direção da prova como irregular. E o piloto australiano, punido, teve de fazer um “drive trought” passando pelo boxes. Barrichello poderia ter se beneficiado dessa punição do australiano com grandes chances de vencer o GP. Porém, a equipe Brawn prejudicou o brasileiro em pelo menos em duas de suas paradas.
No segundo pit stop uma falha no momento de reabastecer o carro fez com que o piloto ficasse mais tempo que deveria no box. E noutra “falha” (essa entre aspas mesmo!) que deverá gerar um clima tenso no time, mandou o brasileiro parar antes de Button. Quando pela lógica da corrida deveria ser o contrário. Esse fato prejudicou muito a estratégia de vitória do brazuca, favorecendo o inglês pois Rubens acabou ficando atrás de seu companheiro de escuderia. Ao que se sabe, no contrato de Barrichello não existe uma cláusula que dê favorecimento a Jenson Button. Mas ao que parece a equipe Brawn ante a ascensão notória da Red Bull quer garantir o campeonato de pilotos o quanto antes. E não vai titubear,quando for preciso, em sacrificar as chances de Barrichello em favor de Button. Que ainda está ainda na liderança do campeonato de pilotos.Vai ter chiadeira de Barrichello. É aguardar pra ver.Button terminou em quinto e Barrichello em sexto...
Felipe Massa foi muito bem. Largou em oitavo e na primeira volta ganhou quatro posições. Estava com mais combustível que Vettel. E travou com o jovem piloto alemão nas voltas iniciais um duelo bonito de se ver. Era um dos que poderia vencer a corrida. Pois em Nurburgring os carros da Brawn perdem sensivelmente potência. Porém, mais uma falha da equipe prejudicou o brasileiro num dos seus pit stops. Um prblema na roda esquerda dianteira tirou as chances de Felipe vencer. Terminou em terceiro voltando ao poduim depois de muito tempo. Enquanto isso Raikkonen que está prestes a se aposentar, segundo se comenta no circo, mais uma vez não completou corrida.Em entrevista disse que o carro foi perdendo potência até ele ser obrigado a parar.
Fernando Alonso terminou em oitavo. Com a Renault um pouco melhor e, talvez, um pouco mais motivado ante a possibilidade de pilotar uma Ferrari competitiva em 2010, o espanhol no final do GP fez a volta mais rápida da corrida. Chegando até mesmo a ameaçar a posição de Barrichello.Terminou em sétimo. Já Nelsinho Piquet teve uma corrida discretíssima. Segundo se comenta nos bastidores seria sua última participação na F-1. Seria substituído pelo piloto suíço-francês Romain Grosjean.Nada foi confirmado até agora. A revista alemã “Auto Motor und Sport” informou que em entrevista, Flavio Briatore, disse estar descontente com o mau desempenho do brasileiro. Em sua página no Twitter o piloto desconversou sobre tais boatos.
Os pilotos da Mac Laren não foram bem outra vez. Hamilton largou bem e quase tomou a primeira posição de Webber. Que disputava roda a roda com Barrichello a primeira posição na largada. Porém, o inglês saiu muito do traçado e por conta disso furou o pneu direito traseiro comprometendo sua corrida. Teve que ir aos boxes. Somente poderia ter um pouco mais de chance de um bom resultado, por um golpe de sorte, como uma chuva durante a prova. Mas não veio chuva alguma. Ele até disse que viu pingos na pista. Terminou em décimo oitavo a uma volta do vencedor. Seu companheiro Heikke Kovalainen terminou em oitavo. Mas poderá perder a vaga na equipe no ano que vem para o bom NicoRosberg da Williams,que terminou em quarto.
Por fim, foi emocionante ver a primeira vitória de Mark Webber, de 32 anos, na F-1.E foi pole position pela primeira vez no sábado passado. Tinha até antes da corrida 130 GPs disputados sem nenhuma vitória. Sua emoção foi muito bonita de se ver. Contagiante ouvir seu desabafo. Ele que muitas vezes foi chamado de “leão de treino”, por ter muito desempenho em classificação e não corresponder nas corridas. Dobradinha da Red Bull, pois Vettel dessa vez chegou em segundo. Sendo que Webber também começa a marcar, com cores vivas, seu espaço na equipe.Há 28 anos um australiano não vencia uma corrida na F-1. O último foi o campeão mundial de 1980 Alan Jones. Que venceu o GP de Las Vegas em 1981, ano em que Nélson Piquet (pai) se sagrou campeão pela primeira vez. Parabéns Mark Webber!
De tudo que ocorreu em Nurburgring, Barrichello talvez tenha sido o menos beneficiado. Perdeu uma corrida que teria grandes chances de vencer. E com a dobradinha da Red Bull perdeu sua posição no campeonato para Mark Webber. Aumentando sua distância para Button. O campeonato começa se definir. O GP da Hungria será muito decisivo se os pilotos da Red Bull se aproximarem mais da liderança. Garantia de muita emoção pela frente.
(*Itamar de Souza Novaes é colaborador da seção PAPO DE ARQUIBANCADA para assuntos de F1 - inovaegot@hotmail.com)