Papo de Arquibancada


















Itamar Novaes (*)


Se tivesse entre nós fisicamente, Ayrton Senna estaria completando 50 anos neste domingo. Não trataremos aqui do fatídico dia 1º de Maio, na curva Tamburello em Imola em 1994! Nunca é demais falar desse genial brasileiro.


Dentre muitas virtudes que tinha a mais marcante era a busca pela vitória constantemente. 24 horas por dia, sem exageros. Ele surgiu para o grande público em 1983. E estreou na F-1 em 1984. Pilotando um carro da equipe Toleman, que tempos depois se tornaria a Benetton que lançou Schumacher, e que anos mais tarde se  transformaria na equipe Renault em seu retorno à F-1..


Numa época marcada por muita baixa autoestima do brasileiro, com hiperinflação, crise social grave, Ditadura Militar, incertezas... Muita gente indo embora do país. Sem contar que a Seleção Brasileira de Futebol, estava havia mais de uma década sem titulo mundial, Senna era uma ilha de prosperidade. Nas vitórias aos domingos pela manhã reanimava a todos que o acompanhavam. Tinha um carisma muito grande. Era o orgulho de uma nação, muito sofrida. Nos cockpits da Toleman, Lótus e Mac Laren mostrou que todos nós poderíamos vencer. Que éramos capazes... Era a síntese de um Brasil que poderia dar certo.


A confiança, a determinação, a fé do piloto brasileiro conquistou muita gente. Inclusive pessoas que não acompanham ao circo da Fórmula Um. Um fenômeno! Muitas pessoas passaram a acompanhar a F-1 nos tempos do Ayrton. E depois que ele se foi nunca mais assistiram a um GP.


Senna vive! Cerca de dois meses atrás foi elaborada uma pesquisa entres pilotos do mundo todo. E Ayrton foi apontado pela maioria como o maior piloto de todos os tempos. Apesar de os 7 títulos de Schumacher.


Senna venceu três campeonatos mundiais de piloto (1988 1990 e 1991). Particularmente lembro-me claramente do primeiro título. Era madrugada de sábado para domingo. GP do Japão em Suzuka, Mac Laren com Motor Honda.... Choveu na madrugada daquela noite, assisti ao GP na casa de um amigo. Todos dormiam... Gritei, vibrei sozinho... Inesquecível...


Retomando aos números, Senna largou na pole position em 65 vezes. Venceu 41 corridas em 10 temporadas.


A seguir algumas considerações e pensamentos do eterno campeão sobre alguns temas, como felicidade, amadurecimento profissional, vitória e morte. Vale a pena rever, para termos uma noção do que passava pela cabeça dele:


Amadurecimento profissional


– “Podem ser encontrados aspectos positivos até nas situações negativas, e é possível utilizar tudo isso como experiência para o futuro, seja como piloto, seja como homem”


– “Antes de se tornar um piloto, um corredor de carros deve se tornar um homem. Se não for assim, um piloto, apesar de ter todo o talento imaginável, não conseguirá jamais liderar porque, por uma razão ou por outra, os resultados que poderiam parecer ao alcance da mão continuarão a lhe escapar”.


– “Quando você não está feliz, é preciso ser forte para mudar, resistir à tentação do retorno. O fraco não vai a lugar nenhum”.


Felicidade


– “A felicidade vem de uma disposição mental determinada, de estar em paz consigo mesmo, para ter em torno de si as pessoas de que se gosta para fazer o que se sonha fazer”.


Vitória


– “É irreal pensar que vou vencer sempre, mas sempre espero que a derrota não venha neste fim de semana”.


Morte


– ”O dia que chegar, chegou. Pode ser hoje ou daqui a 50 anos. A única coisa certa é que ela vai chegar”


Brasileiros na F-1


– “No Brasil houve um Emerson Fittipaldi, um José Carlos Pace. Aquele outro (referindo-se a Nélson Piquet), e agora é minha vez. Vai haver alguém depois de mim. Isso é indiscutível.”


Bem, quanto a ultima frase é certo que existiram, existem (e existirão) outros brazukas na categoria. Mas nenhum deles será igual ao melhor piloto de todos os tempos... Acredito...


(*Itamar de Souza Novaes é colaborador da seção PAPO DE ARQUIBANCADA para assuntos de F1 -
inovaegot@hotmail.com)

 

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