Garimpando História




Neste ano de eleições governamentais de todo o Brasil, a imagem acima é um dos retratos da história eleitoral de Mato Grosso do Sul: desfilando de calhambeque pelo centro de Campo Grande, Plínio Barbosa Martins comemora sua eleição a deputado federal e a do irmão Wilson Barbosa Martins como primeiro governador eleito do novo estado oriundo da divisão do Mato Grosso uno. Era 1982, ano da volta das eleições diretas de governador depois de duas décadas de regime militar no país. A foto enviada à seção GARIMPANDO HISTÓRIA do Blog pelo leitor Carlos Renato de Souza (que fazia neste desfile a sonoplastia do carro de som) é ainda mais símbolica levando-se em conta que Plínio, na verdade, era o preferido do grupo político ligado ao PMDB para ser candidato e o primeiro governador eleito do estado.

 

Veja o que diz o livro "DO MDB ao PMDB - 40 Anos de História em Mato Grosso do Sul", Eronildo Barbosa da Silva e Tito Carlos de Oliveira Machado, do acervo da Fundação Ulysses Guimarães em MS:


"As conversas objetivando formatar a chapa do PMDB começaram em abril, embora discretamente, Wilson Martins, com o apoio do PCB, já estivesse em campo articulando a sua candidatura ao Governo de Mato Grosso do Sul. Um passo importante nessa caminhada foi a indicação de Wilson Martins para a presidência da OAB de Mato Grosso do Sul. Esse cargo somado ao de presidente do PMDB aumentou sua visibilidade política.


Wilson Martins articulava a sucessão do então governador Pedro Pedrossian com muito cuidado. Ele sabia que o candidato de consenso do PMDB e de outras forças para Governo do Estado era seu irmão Plínio Martins. Plínio, em março de 1982, alegando dificuldades de foro íntimo e outras conforme depoimento de seu filho Marcelo Martins, desistiu da sua candidatura ao governo. Eis o que informa Wilson Martins sobre esse episódio:


– Não era o meu nome o mais forte para aquela eleição. O nome mais forte era o do meu irmão, Plínio Martins. A população queria recompensá-lo pelos serviços prestados como vereador e Prefeito de Campo Grande. Ele resistiu muito a aceitar a candidatura, mas, certa ocasião, ele disse que ia ser candidato. Isso ele falou em um dia, mas no dia seguinte voltou aqui a esse escritório e disse: Wilson, não tenho condições de sair candidato, estou numa dificuldade muito grande, solicito que você me ajude, explique para os companheiros a minha situação. Aí que o meu nome veio à baila. Os companheiros que insistiam com Plínio Martins, então, passaram a insistir comigo. Então eu empunhei a bandeira e fui para a campanha."

 

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Neste ano de copa e de eleições, a foto do encontro entre Lúdio Martins Coelho e Edson Arantes do Nascimento em Cuiabá (MT) em 1965 retrata um período marcante, embora obscuro, da política e do futebol brasileiro. Naquele ano seguinte ao golpe militar de 64, Lúdio disputava o governo do Mato Grosso uno e Pelé era a grande estrela do Santos que foi à capital mato-grossense fazer uma de suas exibições do futebol espetáculo e golear por 6 a 2 o Dom Bosco em amistoso.

 

O jogo foi promovido pelo empresário Nassura (Nasrala Siufi), ousado promotor de eventos da época, conforme descreveu o jornalista Paulo Zaviasky em artigo no Diário de Cuiabá: "A coroação desses seus arrojados empreendimentos esportivos fora, a nosso ver, a vinda de Pelé em 1965, uma “verdadeira loucura”, afirma, pois em Cuiabá falsificaram – quem não se lembra disso? – os ingressos e ele teve prejuizo incalculável. A renda que deveria ser de treze mil cruzeiros, não chegara a oito. Felizmente, desabafa, em Campo Grande fora possível equilibrar as despesas".

 

Realizadas no dia 3 de outubro para escolha de governadores de 11 estados (a eleição de presidente da República foi cancelada, sendo prorrogado O mandato de Castelo Branco até 15 de março de 1967) a oposição triunfou em estados importantes como Guanabara e Minas Gerais, com Francisco Negrão de Lima e Israel Pinheiro da Silva, eleitos pelo PSD, ambos ligados ao ex-presidente da república cassado Juscelino Kubitschek, o que preocupou o grupo que defendia um regime político autoritário. Essas derrotas aliadas à pressão do grupo linha-dura levou o presidente Castello Branco a baixar o AI (ato institucional) nº 2, no 27 de outubro de 1965, que extinguiu os 13 partidos políticos existentes no Brasil e eleições diretas por duas décadas.

 

Lúdio não se elegeu em 1965. No ano seguinte, na Copa da Inglaterra, Pelé foi caçado em campo por adversários que usavam do chamado "futebol força" para surpreender o Brasil. Jogou só duas das três partidas que o Brasil disputou até ser eliminado. Um desses jogos foi o último dele com Garrincha, na vitória de 2x0 sobre a Bulgária. Juntos, os dois nunca perderam uma partida pela seleção. Garrincha entrou em decadência pelo excesso de bebidas e injeções nos joelhos "graças" às pancadas de adversários e aos cartolas que obrigavam o gênio das pernas tortas a jogar mesmo machucado para garantir o espetáculo em que ele era atração principal. Destino oposto e ascendente marcou a trajetória de Edson.

 

Em 1970 Pelé consagrou-se como o rei do tri-campeonato brasileiro. E quando as eleições diretas voltaram, o pecuarista e empresário Lúdio Coelho se tornou por duas vezes prefeito de Campo Grande-MS (de 1983 a 1985, pelo PMDB, e de 1989 a 1992, pelo PTB) e senador da República, de 1995 a 2003, pelo PSDB.

 

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Antes das eleições de 1998, um grupo de assessores de gabinetes de deputados estava no bate-papo no Péssimus (o atual Mercearia) na esquina das ruas 15 de Novembro e Padre João Crippa, vizinho ao prédio onde funcionava o escritório do então (e atual provisório) presidente do PDT, João Leite Schimidt e que hoje é ocupado pelo ex-governador Zeca do PT. De repente, chega Schimidt com amigos correligionários. Os assessores o cumprimentaram e ele contou que tinha acabo de voltar do apartamento do ex-governador Pedro Pedrossian (então no PTB) que detinha, à época, 70% das intenções de voto para voltar ao governo de Mato Grosso do Sul.


Chamado por Pedrossian para discutir aliança sobre eleições de 1998, Schimidt escuta os planos do ex-governador e depois questiona, propondo:

 

– "Dr. Pedro, onde entra o meu PDT nesta chapa? Podemos ter a vice com Moacir Kohl ou Franklin Mashura e poderiamos lançar o Zeca do PT ao Senado".


Pedro diz:


– "Não posso abrir mão da minha chapa, porque o Vice vai assumir o Governo em 2002 para eu me lançar ao Senado".

 

À época, o candidato a vice era o advogado Newley Amarilha. Pedro descartou a proposta do cacique estadual do partido de Brizola afirmando que ele queria apenas resolver um problema de Coxim sobre quem sairia a deputado estadual e levando a vice-governadoria.


Schimidt contou que resolveu ir embora, dizendo ao doutor Pedro:


- "O senhor acaba de perder a eleição!"

 

Ao saber da história, a galera no bar riu da piada.


Schimidt acabou articulando a frente de esquerda que uniu PT, PDT e PPS, lançando Zeca do PT ao Governo e Moacir Kohl (os três na foto), de seu partido e de Coxim, para vice, com o advogado Carmelino Rezende ao Senado.


O resto da piad.. ops, da história, todo mundo sabe no que deu...

 

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