Essa eu havia escrito na minha antiga coluna no site MS Notícias, mas como o provedor não fez backup e perdeu todo o arquivo da época, vou recontar aqui no Blog...
...No último ano de seu segundo e derradeiro mandato, em 2006, o então governador Zeca do PT determinou ao secretário de Estado de Cultura, Silvio Nucci, que recebesse Rosana, filha de Pedro Pedrossian, e que oferecesse estrutura para o lançamento do livro de memórias "O Pescador de Sonhos", que estava sendo concluído pelo ex-governador. Passados algum tempo, Nucci participava em Porto Alegre (RS) de encontro do Fórum Nacional de Secretários de Cultura, do qual era presidente, quando recebeu no celular telefonema. Sem reconhecer o número, Silvio atendeu, perguntou quem era, e a voz de um senhor do outro lado se identificou:
– "Oi Silvio, aqui é o Pedro, pai da Rosana..."
Pensando que se tratava do velho amigo Pedro, pai da então secretária-geral do PT regional, Maria Rosana, que era "prefeito" do ginásio Guanandizão, Nucci mostrou efusivamente que sabia quem era o companheiro, respondendo:
– "Fala Pedrão, seu FDP... Tá sumido, heim?!"
Quando o ex-governador começou a falar sobre o livro, "caiu a ficha" do secretário. Desconcertado, Silvio pediu mil desculpas e explicou ao Doutor Pedro que pensava se tratar de outro Pedro, um companheiro petista. Bem humorado, Pedrossian respondeu:
– "Muita gente deve ter tido vontade de me dizer o que você falou, mas ninguém teve coragem..."
Dos dois lados da linha, foi só risadas.
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Essa quem me contou foi o colega jornalista Cadu Bortolotti, editor e apresentador do programa Noticidade, na Rádio FM Cidade 97, e assessor de imprensa do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) em Campo Grande...
Na primeira metade da década de 90, o repórter Kiko Ribeiro, que no período apresentava o telejornal Bom Dia MS da TV Morena, afiliada Globo, telefonou à casa do secretário de Comunicação do governo estadual Cláudio Nogueira. Ao ouvir a voz de Virgínia, esposa de Nogueira, dizer que o marido não estava, Kiko, que imitava com perfeição a voz de Pedro Pedrossian, se fez passar pelo então governador.
Avisado que Pedrossian havia ligado pessoalmente pra sua casa, Nogueira, que tinha estado com o governador todo tempo, percebeu que se tratava de brincadeira do repórter e explicou o episódio para mulher.
No dia seguinte, ao receber telefonema semelhante, Virgínia resolveu deixar claro para o imitador que já sabia quem era ele e que não iria cair duas vezes seguidas no mesmo trote. Só que desta vez, entretanto, quem falava do outro lado da linha era, de fato, o governador...
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Quando ainda era desconhecido dos eleitores e médico radicado na cidade de Fátima do Sul, André Puccinelli fez seu primeiro discurso político no dia 9 de julho de 1981, sem conter a ansiedade natural de estreante ao lado de destacadas lideranças políticas do PMDB de Mato Grosso do Sul da época, como Ramez Tebet, Totó Câmara etc.
– "Escrevi o que ia dizer num papel e quase nem consegui falar, tremendo que nem vara verde por ter de discursar ao lado dos grandes nomes da época", relembrou o governador reeleito em conversa com um grupo de jornalistas, durante happy hour à imprensa na noite anterior.
Ao lado do jornalista e radialista Sérgio Cruz (foto), que era deputado conhecido como "Pau na Mula" e participou do ato político em Fátima quando o italiano fez seu "debut", Puccinelli afirmou:
– "Todos discursaram, mas até hoje as pessoas só se lembram do discurso do Sérgio Cruz. Ele começou afirmando: ´Sei que sou feio, mas feia mesmo é a corrupção que assola nosso estado (...)´O público vibrou."
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Criada através da Lei nº 5.647, de 10 de dezembro de 1970, na data em que completará 40 anos neste mês, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) vai homenagear aquele que foi o principal responsável pela sua fundação. Na sexta-feira da semana que vem, em cerimônia prevista para iniciar às 10h no Teatro Universitário da instituição, em Cuiabá (MT), será outorgado o título de "Doutor Honoris Causa" ao ex-governador do Mato Grosso uno e de Mato Grosso do Sul, Pedro Pedrossian. Como o homenageado está com a visão "fraca", seu discurso será lído pelo reitor-fundator da UFMT, Gabriel Novis Neves, um dos principais defensores da homenagem ao ex-governador. Depois da cerimônia, Neves e outros velhos amigos de Pedrossian oferecerão uma peixada cuiabana a Pedrossian que deve retornar à tarde para Campo Grande, onde reside.
Filho de armênio e chamado carinhosamente de "turco" pelos amigos cuiabanos, o engenheiro formado pela Escola Polítécnica de São Paulo que ainda jovem foi diretor da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB), Pedro Pedrossian, nascido em Miranda (MS), foi eleito governador do Mato Grosso uno em 1966 pela coligação PSD-PTB derrotando o pecuarista e banqueiro, Lúdio Martins Coelho, candidato da UDN. Em suas gestões no governo dos dois estados, foram criadas, além da UFMT sediada em Cuiabá (MT), a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) sediada em Campo Grande e a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) com sede em Dourados (MS). Chamado de "Doutor Pedro" pelos antigos correligionários e colaboradores, Pedrossian, que já recebeu o título de "Doutor Honoris Causa" da UFMS, será neste mês duplamente doutor.
O engenheiro da educação...
– "Pedrossian governador tinha vários problemas a enfrentar, sendo que o maior de todos era o desenvolvimento do estado. Sabia que o caminho único era através da educação. O estado que herdou - um imenso curral - tinha proprietários. O analfabetismo ocupava uma das maiores taxas do Brasil. Oitenta e cinco por cento dos professores primários eram leigos. O ensino superior no grande estado era pontual e o ensino médio o final da educação para poucos. (...) A sua meta educacional era ambiciosa: fortalecer o ensino básico, criar o ensino médio voltado para o trabalho e implantar duas universidades no Estado. Uma com sede em Cuiabá e outra em Campo Grande.
Mesmo em um Estado pobre de dinheiro, construiu o básico-físico das duas cidades universitárias, que doadas ao Ministério da Educação, abrigariam as Universidades Federais de Mato Grosso (UFMT) e Mato Grosso do Sul (UFMS). Pedrossian não se esqueceu também da parte acadêmica que serviu de suporte inicial as universidades por ele criadas. Este é um rápido perfil do governador que mais fez pela educação na história destes Estados irmãos. Acreditou e decidiu que Mato Grosso só seria outro se cuidássemos dos nossos jovens.
Aos oitenta e dois anos, longe do poder e dos amigos do poder, chorou ao saber que após quarenta anos, a UFMT reconheceu o seu idealizador. Parabéns UFMT pelo reconhecimento do trabalho do seu maior responsável! Obrigado Doutor Honoris Causa - Pedro Pedrossian!", relatou neste mês, em emocionado artigo publicado na imprensa cuiabana, o reitor-fundador da UFMS, Gabriel Novis Neves.
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Por Edson Contar (*)
São doze horas e trinta minutos...Já estamos na fila esperando as portas serem abertas.
Dona Maria (que viria casar-se com o Dr. Leon Denizart Conte) é a bilheteira e já se acomoda no aquario redondo do caixa; seu Carlos, o que pinta os cartazes, anda de um lado pra outro, ajeitando cortinas e móveis, seu João , o porteiro (está vivíssimo), toma posição e, aqui fora, a garotada está impaciente...
Hoje tem "Caim e Abel" da Colúmbia Pictures e depois, o seriado do Tom Mix.
Na fila, as primeiras paqueras, ou era flerte?...As mocinhas são alinhadas e bonitinhas...Quem sabe a gente pede pra guardar lugar e uma delas aceita, né?
Entramos!...-Uma "entrada de estudante" por favor...
Boa tarde seu João!...E lá vamos nós em direção as pesadas cortinas de veludo que separam a paltéia da enorme sala de recepção...Uma passadinha, antes, no baleiro, seu Nelson, para comprar uns caramelos ou drops e poder oferecer algo a namoradinha...Tem chocolates também, só que são mais caros e o dinheiro é pouco; na saida tem que sobrar pra pipoca ou um sorvete na São José do Calarge, em frente a praça, né?...Quem sabe, até um sonho do italiano na esquina....
As moças vão se acomodando e nós, os rapazinhos, começamos a "caça" rs
É um vai-vem pelos corredores, olhares, sorrisos e sinais, sem falar na mímica ("posso sentar com você?")
Um pulinho nos camarotes...Sem chance, os papais e mamães estão por lá...Lá em cima, na colméia, lá em cima, não tem muita gente...
Aí, entra esta música e é um Deus nos acuda...A paquera não rendeu...O jeito é sentar em qualquer lugar e asssitir o filme...Fazer o que?
Domingo que vem tem mais!...Eu ainda arrumo uma namorada!...
Ah!...Que saudades do velho Alhambra, do meu terno de linho comprado na Rener, da Maria, do Carlos e do seu João...
Do Tarcisio eu não falei, gente! Logo ele, o boa gente que livrava a nossa cara quando os lanterninhas Alaor ou o Içum tiravam a gente só porque batiamos os pés no chão, na emoção de ver o mocinho beijar a mocinha ou para avisar o Tom Mix que tinha um cara lá em cima mirando para atirar nele. Um abraço, amigo!
Eu tinha as fotos aqui e, ouvindo esta música, não deu pra segurar...tive que viajar aos velhos tempos e conversar com vocês...
Agora, os que viveram aqueles tempos, chorem aí, vendo, ouvindo e relembrando...Os que não são "antigos", chorem mais ainda...Vocês não sabem o que perderam!
...Eu chorei!
(*Edson Contar é escritor, pesquisador e jornalista, bisneto do fundador de Campo Grande-MS, José Antonio Pereira)
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– "Os velhos comunistas de Mato Grosso do Sul, tenho certeza, se consideram hoje de luto", afirmou Fausto Matto Grosso (PPS), professor da UFMS e ex-secretário de Planejamento, ao comentar a morte do artista plástico Espedito Rocha, ex-presidente de honra do PCB do Paraná falecido ontem, de câncer, aos 89 anos. Ele iniciou sua militância no Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1938 em Pernambuco e chegou ao Paraná no início dos anos 50, inicialmente trabalhando na colonização do norte do estado. Após o golpe militar de 1964, Espedito teve os direitos políticos cassados e ficou na clandestinidade. Na época ele manteve uma fazenda em São Gabriel do Oeste (MS), na época pertencente ao Mato Grosso uno, que servia de abrigo para resistentes da ditadura e acumulava recursos para atividade do PCB.
Para se manter oculto, passou a usar o nome Tiburcio Melo. Descoberta sua real identidade, foi preso e torturado, atingindo o peso de apenas 38 quilos. Auxiliado por amigos, fugiu e se recuperou, mudando novamente o nome para Tadeu Melo. No período em que se escondeu, Espedito desenvolveu sua carreira de artista plástico, como escultor. Atividade da qual se dedicou até os últimos dias de sua vida. Conforme Fausto Matto Grosso, a fazenda em São Gabriel do Oeste havia sido comprada "por nossos antigos camaradas para desenvolver plantio de café, para financiar a atividade partidária". "Expedito foi um dos poucos membros do Comitê Central do PCB que não se exilou em 74", acrescenta Fausto. Com o fim do período militar, o líder político retornou a Curitiba onde refundou o PCB, permanecendo presidente até meados dos anos 90. No início da década de 80, articulou o apoio do PCB paranaense à candidatura do então peemedebista José Richa ao governo do estado. (Com informações da assessoria do PPS do Paraná)
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A imagem em preto-e-branco de 1965 retrata a caminhonete com dois alto-falantes Delta, um virado para frente e outro para trás, que divulgava em Corumbá, na fronteira do Brasil com a Bolívia, a primeira campanha de Pedro Pedrossian (de óculos, ao centro) ao governo, disputando o comando do Mato Grosso uno. Na lateral do veículo o símbolo da Noroeste do Brasil (NOB) lembrava que o engenheiro candidato a governador era oriundo da rede ferroviária que fomentou o progresso no sul do estado que, dividido doze anos depois, se tornaria o Mato Grosso do Sul.
Armando Anache (2º a partir da esquerda) era o encarregado da campanha de Pedrossian em Corumbá. Catorze anos depois se tornaria prefeito da chamada Cidade Branca que administrou no período de 1979-1982. Em seguida, seria eleito deputado estadual cumprindo mandato na Assembleia Legislativa de 1983 até o início de 1995. Os alto falantes Delta do carro de som ladeado pelos correligionários políticos também divulgavam o jingle de campanha do deputado estadual José de Freitas (2º a partir da direita).
– "Meu povo, meu povo, ele vem aí de novo. O candidato José de Freitas, é o nome ideal, dê o seu voto pra ele, pessoal, para deputado estadual... - dizia parte do jingle de campanha de Freitas. Eu era criança, mas lembro de tanto cantar" - contou o jornalista Armando Anache, filho do ex-prefeito corumbaense, ao enviar a imagem para a seção GARIMPANDO HISTÓRIA do Blog.
Pedrossian e Freitas eram eram ligados a Filinto Muller, militar e político cuiabano que ficou famoso como chefe da polícia política da ditadura de Getúlio Vargas no início dos anos 40 e que ganhou repercussão internacional por prender a judia alemã Olga Benário, militante comunista e mulher de Luís Carlos Prestes, deportada para a Alemanha, onde seria executada em Bernburg, em 1942. Por sua grande influência nos governos federais, Filinto ditou por décadas a política regional e foi um dos articuladores da aliança PSD/PTB que elegeria Pedro Pedrossian naquele ano.
Eleito, Pedrossian governou o Mato Grosso uno de 1966 a 1971. Como senador foi uma das lideranças que se empenhou pela divisão territorial que acabou acontecendo em 1977. Veio a governar Mato Grosso do Sul por dois mandatos, de 1980 a 1982, na condição de "biônico"nomeado pelo governo militar; e de 1991 a 1995 como governador eleito. Em 1998 voltou a disputar o governo, mas embora tenha iniciado como favorito a campanha, acabou não conseguindo ir para o segundo turno em que a surpresa foi Zeca do PT, que com o reforço de votos de milhares de eleitores pedrossianistas venceu o tucano Ricardo Bacha, candidato apoiado pelo então governador e adversário de Pedro, Wilson Martins (PMDB).
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Se hoje os brasileiros têm o direito de escolher o presidente da República, há pouco mais de duas décadas e meia a coisa era bem diferente. A foto acima retrata aquela época. Em campanha para eleger Juvêncio César da Fonseca prefeito de Campo Grande com Chico Maia de vice (ambos à direita), o PMDB local recebeu em 1985 a ilustre visita do líder maior do partido, o deputado federal Ulysses Guimarães, que havia ficado conhecido como "Senhor Diretas" coordenando a campanha que defendia a realização de eleições diretas para a Presidência depois de duas décadas de regime militar.
A volta das eleições presidenciais só veio a ocorrer quatro anos depois, em 1989, quando o próprio Ulysses foi um dos candidatos derrotados que não passaram do primeiro turno. No segundo turno, Fernando Collor derrotou Luiz Inácio Lula da Silva. Por ironia histórica, o vencedor não terminou o mandato e o perdedor de outrora, depois de não desistir, está terminando agora sua segunda gestão no cargo maior da Nação.
Em destaque na foto, Ulysses (que veio a desaparecer no mar em um acidente de helicóptero) conversa com o então prefeito da Capital de Mato Grosso do Sul, Lúdio Coelho. À direita, o hoje juiz Marcos Britto. Lúdio veio a se tornar senador da República, assim como Juvêncio, depois de eleito duas vezes seu sucessor da prefeitura. E Chico Maia, que foi vice-prefeito e vereador, acabou priorizando a iniciativa privada como produtor rural e empresário do ramo de outdoors e hoje preside a Associação dos Criadores do estado (Acrissul). Leitor assíduo do Blog, o ex-vereador Edmar Neto, enviou a foto do avô Lúdio e do tio Chico Maia com Ulysses, do acervo de família, à seção GARIMPANDO HISTÓRIA para compartilhar a cena com os demais leitores.
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