Heitor Freire (*)
Usos e costumes
A minha já longa e proveitosa encarnação me tem permitido um aprendizado constante, nas mais diversas atividades que exerço, onde aprendi que o meu ofício é aprender.
Assim, aprendi que não existe aposentadoria. O trabalho é permanente. E é justamente o trabalho que nos permite desenvolver nossa inteligência, aplicar e multiplicar nossos talentos.
Quem não aplica seus talentos acaba empobrecendo sua própria vida. A verdadeira pobreza é um estado mental de carência e falta de entendimento do que representa sua encarnação. Da mesma forma, a verdadeira riqueza também decorre de um estado mental de abundância, quando nos colocamos em harmonia com as leis da Natureza. O mesmo se dá com a nossa saúde. Tudo depende diretamente da nossa atitude mental.
Nós temos liberdade de consciência, ou seja, cabe-nos buscar o entendimento para aplicação do conhecimento ou não. Cada um vai receber de acordo com sua semeadura, que é livre, mas a colheita é obrigatória.
Nessa caminhada de aprendizado, aprendi que uma das características fundamentais do ser humano, é a linguagem. Só ele, é capaz de se expressar por intermédio das palavras. A capacidade de produzir e estruturar frases é inata no ser humano, faz parte do seu patrimônio genético.
“A língua é viva porque está sendo usada sempre, em vários contextos, em várias situações, o que faz com que ela tenha novos usos e novas possibilidades. Isso acontece tanto no espaço quanto no tempo. No espaço geográfico, diferentes regiões; no tempo, em diferentes situações que mudam na sociedade. Assim como a sociedade vai mudando, a língua acompanha essas mudanças da sociedade”. (Ricardo Lima, Departamento de Estudos da Linguagem UERJ).
Mudanças na sociedade se refletem na linguagem falada e escrita. Viva, a língua está sempre se modificando ao longo do tempo e no espaço. Ela absorve novas palavras, assume gírias e, de tanto ser usada, pode até contrair expressões. Isso acontece a todo momento, mesmo que de forma imperceptível. O que penso, deve se evitar, é o empobrecimento verbal, pela repetição de modismos.
Para Noam Chomsky – filósofo norte-americano –, “a linguagem é um órgão da mente. Na mente, há um órgão da linguagem que todos os seres humanos – e apenas os seres humanos têm”.
A crescente influência dos meios modernos de comunicação tem causado devastação no linguajar da população. “A gente”, por exemplo, enterrou a individualidade das pessoas. O eu e o nós, foram para a lixeira. Agora tudo é a gente.
Vamos pensar antes de falar, para só falarmos aquilo que de fato queremos ver realizado. E assim, conscientemente – a palavra-chave é consciência – acordados, estando presentes a cada momento, evitemos agir de modo automático, na repetição constante de modismos ocasionais.
E assim, perdermos a oportunidade de utilizar a palavra no seu mais profundo poder, que é o da realização daquilo que desejamos. É necessário – mais do que necessário, indispensável – o nosso despertar para a utilização plena de todo o potencial com que fomos dotados.
Exatamente a crescente influência dos meios modernos de comunicação acabam deteriorando a linguagem. Para evitar essa influência, é fundamental estarmos conscientes do que falamos e como falamos. É uma luta constante e que exige presença no aqui e agora.
“A grandeza do homem não está em acumular dinheiro, nem em ampliar poder para dominar os outros. O que existe de grandeza no homem é o significado de sua vida” (Juvenal Arduini in Destinação Antropológica)
E esse significado se torna mais importante na medida em que agimos de forma consciente para evitarmos ser conduzidos pelos usos e costumes vigentes.
(*Heitor Rodrigues Freire – corretor de imóveis e advogado)
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Postado por: Heitor Freire (*), 02 Dezembro 2023 às 08:00 - em: Falando Nisso