Triste, muito triste Alírio Vilassanti Romero (*)

Triste, muito triste

Ao tomar conhecimento, no domingo, de mais uma morte com fortes indícios de suicídio nas fileiras da PM, fiquei muito entristecido e estarrecido. As principais causas que tem levado um policial a essa atitude extrema são a pressão e as condições deficitárias de trabalho, ou seja, o trabalho que deveria ser fonte de prazer e crescimento acaba se tornando um motivo de dor, sofrimento e solidão.
 
O policial não é super-herói e a depressão não é frescura, pois como sabemos os transtornos psiquiátricos são as principais causas de incapacitação em nosso país. Um recente estudo da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) aponta que os policiais e bombeiros militares têm menor expectativa de vida (58,6 anos) por estarem expostos ao estresse ocupacional, que favorece o desequilíbrio hormonal e outras alterações, levando a morte prematura. 
 
A rotina de serviço traz o agravamento da saúde devido o estilo de vida que leva a alimentação desbalanceada, irregularidade da rotina do sono, isolamento social, etc. Nessa esteira de raciocínio temos que ter a grandeza e visão institucional de colocar na pauta de discussão urgente na corporação, como já tinha afirmado várias vezes anteriormente: a regulamentação da carga horária, a implantação do Código de Ética em substituição ao anacrônico e ultrapassado Regulamento Disciplinar (e consequente melhoria nas relações interpessoais), a implantação da assessoria jurídica para os casos que envolvam a atividade profissional, a melhoria das condições de trabalho, a inclusão de pessoal para fazer frente a demanda crescente por segurança pública e que sobrecarrega, principalmente, o policial da linha de frente, um salário digno e condizente com a importância do profissional do setor e também a criação de um Centro de Atendimento Biopsicossocial.
 
No âmbito estadual de Mato Grosso do Sul temos um estudo bem recente apresentado no Curso Superior de Polícia (PMMS-UEMS) que afirma que a maior causa de afastamento laboral de policiais militares, superior a 15 dias, são os transtornos mentais e comportamentais. Precisamos agir urgentemente partindo do pressuposto da responsabilidade compartilhada. 
 
(*Alirio Villasanti Romero, coronel PM, é presidente da Associação dos Oficiais Militares Estaduais de Mato Grosso do Sul)


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Postado por: Alírio Vilassanti Romero (*), 18 Junho 2019 às 12:30 - em: Falando Nisso


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