Sobre como voto Viviane Nogueira Orro (*)

Sobre como voto

Qual sua prioridade nesta vida? Existe coerência entre seu pensamento e suas atitudes? 
 
Eu sou médica, meu marido é advogado e político. Tenho minhas convicções políticas e por razões óbvias sempre gosto de escutá-lo. Ainda assim não posso deixar de enaltecer a maneira democrática e respeitosa com que ele sempre me tratou. Um democrata convicto que preza e respeito as pessoas e sabe apreciar as diferenças. 
 
Valorizo a democracia e a liberdade de expressão, duras conquistas de nossos antepassados. Conheci essas histórias através dos livros e dos testemunhos vivos de quem viveu na época. 
 
De um tempo pra cá sinto que esta liberdade está sendo me tirada aos poucos. E sinto isso quando expresso algo diferente do que outros querem ouvir. Em dias de intolerância e ódio, o melhor a ser feito é calar pra não ser tripudiado. É inacreditável que tudo que foi conquistado está sendo tirado das pessoas sem que elas próprias percebam. 
 
Criam-se grupos em whatsapp com intuito de enaltecer apenas o que lhes convém e desprezar tudo e todos aqueles que destoam de seus pensamentos. 
 
Como muitas outras pessoas, também já fui vítima de ofensas e julgamentos infundados. É triste assistir tanto discurso de ódio, acusações e agressões verbais, DESUMANIDADES. Acredito que todos devem defender seus pensamentos, lutar pelo seus ideais e suas prioridades na vida. Mas se quiser ter o respeito das pessoas, tem que saber respeitar.
 
Se você quiser falar de democracia tem que pegar o livro de História e estudar. Se você quiser falar de política tem que entender que os partidos políticos são essenciais e sem os políticos não se faz política. Se quiser falar de prisão e liberdade tem que estudar a Constituição federal, conhecer o Código Penal e entender o mínimo da origem do Direito. Quem gosta de se expressar publicamente deve ter consciência da sua responsabilidade social e seu compromisso com a verdade. Mas em tempo de fake news parece que nada do que escrevi acima faz sentido, é como nadar contra a maré. 
 
Entendo que o mais importante não é o período eleitoral. Engana-se quem pensa que o jogo acaba no próximo domingo e que a partir do dia primeiro de janeiro tudo será diferente. Independente do vencedor, teremos dias difíceis pela frente e o resultado irá depender do plano de governo e das habilidades políticas de governar. Vamos todos sofrer ou comemorar juntos. 
 
Nos últimos meses, muitos chegaram a questionar quem seria meu candidato a presidente - num certo tom de intimidação e até ameaça. Ora, quer dizer que voltei ao tempo do voto de cabresto? Não posso ouvir, avaliar, estudar as propostas e analisar a postura de cada candidato, de acordo com meus princípios, e escolher quem eu entenda que melhor se enquadre no meu padrão de homem público, seguindo minha consciência?
 
No primeiro turno não votei em nenhum dos dois candidatos que estão disputando o segundo turno. Não me arrependi, já sabia que dificilmente ele estaria na próxima fase. Mas foi minha escolha, coerente com minha consciência e isso me fez muito bem.
 
Na minha família tem eleitor do Bolsonaro, tem eleitor do Haddad, tem voto branco, tem quem ainda está avaliando e tem aqueles que não declaram. Respeito todos.
 
Finalizo com a frase imortal de Evelyn Beatrice Hall: “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de dize-las”.
 
(*Viviane Nogueira Orro é médica nefrologista em MS)


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Postado por: Viviane Nogueira Orro (*), 25 Outubro 2018 às 14:00 - em: Falando Nisso


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