Dos R$ 14,12 bilhões pagos pelo Bolsa Família em agosto a 20,76 milhões de beneficiários, R$ 3 bilhões foram gastos em bets (empresas de apostas eletrônicas) via Pix. O levamento foi divulgado pelo Banco Central ontem, feito por solicitação do senador Omar Aziz (PSD-AM), que pretende pedir à Procuradoria-Geral da República (PGR) que acione a Justiça para retirar do ar páginas das casas de apostas até que sejam regulamentadas pelo governo federal. No total, entre a população, o BC estima que o volume mensal de transferências via Pix de pessoas físicas para empresas de apostas online variou entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões de janeiro a agosto. 

 

O relatório inclui apostas em eventos esportivos e cassinos virtuais. O volume apostado por beneficiários do Bolsa Família pode ser maior, pois os dados do BC só incluem apostas via Pix, não outros meios de pagamento como cartões de débito, crédito e transferência eletrônica direta (TED). O levantamento só registrou valores gastos, não os eventuais prêmios recebidos. 

 

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que as transferências via Pix para apostas triplicaram desde janeiro, crescendo 200%. Ele manifestou preocupação que o comprometimento da renda com bets, principalmente de camadas mais pobres, prejudique a qualidade do crédito, por um eventual aumento da inadimplência. Na semana passada, o Ministério da Fazenda anunciou a suspensão das bets que não tiverem pedido, até 30 de setembro, autorização para operar no país. Na ocasião, o ministro Fernando Haddad comentou que o país enfrenta uma pandemia de apostas on-line. (Com ABr e Estadão)