Sete em cada dez evangélicos acreditam no aquecimento global, diz pesquisa
Rovena Rosa/Agência Brasil
Evangélicos frequentadores da Marcha para Jesus entendem as mudanças climáticas como resultado da ação humana e concordam que suas igrejas devem abordar o assunto. Pesquisa do Instituto de Estudos da Religião (Iser) diz que 70% dos entrevistados discordam totalmente da afirmação de que o aquecimento global é uma mentira. A maioria (86%) também acredita na responsabilidade do Estado para criação de políticas públicas de preservação e enfrentamento às mudanças climáticas.
A pesquisa Cristianismos e narrativas climáticas foi feita em entrevistas realizadas nas Marchas para Jesus em São Paulo, no Rio de Janeiro e Recife, entre junho e dezembro de 2023. Em cada marcha, foram entrevistadas cerca de 200 pessoas, com um total de 673 entrevistas, 53% delas com participantes com idade entre 16 e 39 anos. Na segunda fase da pesquisa, o Iser também analisou o uso de mídias digitais por grupos católicos e evangélicos, bem como as narrativas que têm sido veiculadas sobre a questão ambiental e climática.
RECONFIGURANDO ESTEREÓTIPOS – Segundo a antropóloga Jacqueline Teixeira, professora da Universidade de Brasília (UnB) e colaboradora do Iser, que coordenou o trabalho, os resultados da pesquisa ajudam a reconfigurar e ressignificar estereótipos relacionados ao público evangélico, principalmente dos participantes na Marcha para Jesus, que são os que têm alta participação e engajamento nas suas comunidades de fé.
“A pesquisa mostra que esse grupo demonstra uma preocupação não apenas de estarem informados sobre as pautas climáticas e que cheguem para eles, mas também qualificar de onde vem essas informações. Além de mostrar que esse público desqualifica algumas fake news, como não acreditar que a terra é plana e acreditar que existe aquecimento global”, afirmou a professora.
Segundo Jaqueline, pessoas que têm alto índice de engajamento nos cultos e nas suas comunidades de fé demonstram interesse significativo de compreender as pautas climáticas. “Elas demonstram uma abertura importante para este tema. As questões climáticas não estariam vinculadas politicamente nem a uma direita nem a uma esquerda. Outro ponto foi a negação dos negacionismos. É um público que não se engaja nos negacionismos climáticos”, disse.
“Outro elemento fundamental é que não há o entendimento de que as questões relacionadas à agenda climática seriam de responsabilidade divina, causadas por Deus, porque se entende que tem uma responsabilidade humana. Depende muito da ação humana a resolução dessas questões. A gente viu uma alta responsabilização dos governos”, comenta Jaqueline. (Com Agência Brasil)
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Postado por: Marco Eusébio, 18 Junho 2024 às 17:00 - em: Principal