Ana Carla Portella (*)
Seria eu apenas um Fernão Capelo Gaivota
Às vezes escrever sobre Futebol é tão insano, uma mistura de sentimentos, como se fosse uma longa montanha russa de sensações.
Mas antes de qualquer coisa, para se escrever sobre qualquer coisa deve-se ler, ler muito, saber sobre os fatos, estudá-los, seus prós, contras, não ficar limitado a uma única opinião, nem mesmo que você participe e veja as coisas como acontecem.
Quando isso se trata de futebol, aí nem Drummond, Jobim e nem Fernão Capelo Gaivota que quase sozinho tentou mudar o mundo e depois o entender, teriam chance.
Meu Deus quanta falta de ética, de profissionalismo, não estou aqui pra defender nenhuma pessoa, nem acusar a outra, não fiz Direito, fiz jornalismo, tenham isso bem nítido em suas cabeças.
E ao contrário, as pessoas estão cada vez mais indefensáveis, mais hipócritas, mais caras de pau, se vendem por pouco, se vendem por muito, se vendem por tudo,se vendem por nada, parece loucura, mas essa é grande verdade.
Cada vez que tenho mais contato com os bastidores e o submundo do Futebol, mais nojo e asco eles me causam.
Pena que não adianta ficar contando o que acontece por lá e digo isso por três motivos básicos, três regrinhas simples:
1º Os dirigentes por mais boa vontade que tenham sempre estão condicionados não apenas às suas vontades e vão negar até a morte qualquer coisa que denigra a imagem deles, porque eles são perfeitos, fazem tudo certo e sempre o clube em primeiro lugar e se você insistir, pode deixar nas entrelinhas que podem te prejudicar profissionalmente, porque tem poder pra isso e fazem.
2º Os torcedores jamais acreditariam que a coisa é tão podre, pois o amor que eles sentem pelos seus Mantos Sagrados é tão Cego e Verdadeiro que não os deixaria ver e não quero ser responsável pelo final da Inocência de ninguém, chega a minha que infelizmente perdi.
3º Tenho certeza que ela é a pior e a que mais lucra com tudo, a Mídia “marrom”, ela é oficiosa, ganha muito, coloca notícias falsas na cabeça de todos, ri dos torcedores e de sua ingenuidade de comemorar ou chorar uma noticia, faz uma zona no jornalismo, a maioria nem estudou, nem tem diploma, denigre a imagem de quem trabalha sério e nunca é punida, nunca é punida porque nesse País o que vale é ” inventar pra lucrar” e tem sempre as costas quentes.
Tem hora que nem eu mesma sei por que ainda estou no Futebol, mas ai acho que a paixão dos tempos do Telê dos anos 80 me pegou de tal modo que mesmo com tudo isso não consigo largar.
Tem hora que me sinto uma gaivota que voa sozinha à procura pela ética, sonha com o profissionalismo do nosso amado Futebol.
Por mais que as coisas ruins predominem tem uma coisa que prevalece que é mais forte que qualquer outro sentimento, que vem de berço, de família, que você nasce com ela se você tem, não tem quem faça com que ela corra pro lado errado, não tem volta.
Sabe como ela se chama, sabe quem é ela?
A Liberdade, assim como Fernão Capelo Gaivota por mais que eu brigue, por mais que eu tenha nojo, eu tenho a Liberdade de escolher e eu Amo poder – Amar o Futebol.
(*Ana Carla Portella jornalista residente em Santo André-SP é co-autora do documentario Telê Santana Meio Seculo de Futebol Arte, apresentadora do programa Charme da Bola aos domingos 21h DF pela www.radioprocultura.com.br e blogueira http://portellafutebolonline.blogspot.com)
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Postado por: Ana Carla Portella (*), 27 Fevereiro 2012 às 14:18 - em: Falando Nisso