Heitor Freire (*)
SERENDIPITIA
Outro dia, lendo um texto de fim de ano escrito pela professora Lucilene Machado, de quem sou admirador e leitor assíduo, me deparei com uma palavra estranha na qual ela dizia concentrar seus desejos para seus inúmeros leitores e amigos: serendipitia.
Aí, como sou curioso, fui pesquisar.
Pensando bem, não é esdrúxula essa palavra? Esdrúxula é a característica de alguém ou daquilo que se encontra fora das regras usuais, que se apresenta de modo incomum, causando admiração ou espanto; excêntrico. Um comportamento ou uma situação esdrúxula, por ser incomum, costuma causar reações de surpresa e de espanto.
Existe algo mais esdrúxulo do que a palavra esdrúxulo?
Mas deixando de lado a esdruxulice, vamos ao nosso tema.
Serendipitia, serendipidade ou serendipismo é uma palavra de origem inglesa que se refere às descobertas afortunadas feitas, aparentemente, por acaso. Coisa descoberta por acaso.
Pois então trata-se de um desejo muito afortunado e bem utilizado pela professora Lucilene. O conceito original de serendipismo foi muito usado em sua origem. Nos dias de hoje, é considerado uma forma especial de criatividade ou uma das muitas técnicas de desenvolvimento do potencial criativo de uma pessoa adulta, que alia perseverança, inteligência e senso de observação.
Inovações apresentadas como exemplo de serendipidade apresentam uma característica importante: foram feitas por indivíduos capazes de “ver pontes onde outros viam buracos” e ligar eventos de modo criativo com base na percepção de um vínculo significativo.
A serendipidade é tipicamente usada de forma incorreta como sinônimo de oportunidade, coincidência, sorte ou providência, conceitos que prejudicam a apreciação do termo em relação à sua contribuição para o processo de inovação. Na realidade, eu já aprendi que nada acontece por acaso. O acaso não existe.
A serendipidade é uma qualidade muitas vezes incompreendida para a descoberta e a inovação, que pode se constituir numa ferramenta poderosa na contribuição de percepções inovadoras que conduzem à realização de visões empreendedoras. Ao entender o processo de seu desenvolvimento e utilização, os gestores e pesquisadores podem usar a serindipidade como importante contribuição para o sucesso competitivo de uma empresa.
A história da ciência está repleta de casos que podem ser classificados como serendipismo, como as descobertas de Arquimedes (que postulou princípios elementares como o conceito da impulsão e da alavanca, entre outras descobertas importantes para a física), Alexander Fleming (descobridor da penicilina) e Nikola Tesla (cujo trabalho fundamentou o sistema elétrico utilizado globalmente), casos típicos de serendipidade, pois todos estavam preparados para o que supostamente “descobriram”.
“O acaso só favorece a mente preparada” – Louis Pasteur. Ou seja, de acordo com essa sábia frase de Pasteur, a boa sorte depende do quanto uma mente está preparada, e neste contexto podemos considerar tanto a parte cognitiva e racional quanto a emocional.
Desta forma, constatamos que se você se desenvolver de forma integral e sistêmica, naturalmente sua sorte vai lhe favorecer.
Essa ideia deu origem a um outro dito famoso:
“Quanto mais eu trabalho, mais sorte eu tenho” – Thomas Jefferson.
Parafraseando então a professora Lucilene: serendipitia para todos!
(*Heitor Rodrigues Freire – corretor de imóveis e advogado)
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Postado por: Heitor Freire (*), 07 Janeiro 2023 às 09:00 - em: Falando Nisso