
Sabedoria é o verdadeiro poder da mulher
O universo feminino foi movimentado nos últimos anos com programas, palestras e treinamentos em “busca do empoderamento feminino”. A palavra “empoderamento” até se desgastou de tanto ser usada. Mas, por trás de todo esse movimento, há um desejo claro e importante da redefinição do papel da mulher em todos os segmentos sociais – da família à política, da escola ao mercado.
Técnicas de alta performance, discursos idealistas e manifestações populares não parecem ser o caminho mais eficaz para que a mulher figure em seu lugar de influência, ativo e presente. A bíblia mostra que o caminho mais excelente é o da sabedoria. Sim, a sabedoria é um instrumento poderoso e nunca falha. Salomão disse, nos seus conhecidos provérbios, que uma mulher sábia edifica a casa, enquanto a tola a destrói com suas mãos.
A sabedoria da mulher muitas vezes é silenciosa na proteção e no equilíbrio de uma família. Ela não se manifesta apenas em grandes decisões, mas nos gestos mais simples: na forma de lidar com os conflitos, no modo como orienta os filhos, na disposição em escutar e oferecer conselhos ponderados. A mulher sábia constrói sua casa — não no sentido físico, mas no espiritual, emocional e relacional. Seu discernimento é como um escudo que guarda o lar de escolhas precipitadas, palavras destrutivas e caminhos sem direção.
É necessário dizer que sabedoria não é sinônimo de subserviência. Ser sábia não é ser calada por obrigação ou se anular em nome de uma paz superficial. Sabedoria é saber quando falar e quando esperar. É ter firmeza sem ferir. É não abrir mão da verdade, mas saber comunicá-la com graça. A mulher sábia é aquela que escolhe um caminho mais alto por maturidade.
Tal caminho nem sempre é fácil de seguir. Nesta geração que valoriza rapidez e visibilidade, não há incentivo para que as pessoas habilitem virtudes silenciosas como a paciência, a escuta e o temor a Deus. Há uma pressão constante para que a mulher se prove capaz, forte, produtiva — e, muitas vezes, essa pressão vem acompanhada de vozes que descartam a espiritualidade e dizem ser irrelevante ou ultrapassado. Por isso mesmo, desenvolver sabedoria exige intencionalidade. É preciso separar tempo para refletir, orar, aprender e amadurecer.
Outro ponto delicado é a influência dos ideais feministas na forma como a mulher se vê e compreende seu papel. Nem tudo no feminismo é condenável; há bandeiras legítimas, como a defesa da dignidade, do respeito e da justiça. No entanto, há correntes que vão além e acabam por afirmar que os papéis tradicionais da mulher — como o cuidado com o lar, a maternidade ou a parceria com o marido — são formas de opressão. Quando isso acontece, corre-se o risco de confundir liberdade com negação da identidade. A mulher pode — e deve — atuar na sociedade com inteligência e força, sem perder sua essência nem abandonar o que Deus colocou como missão em seu coração.
Conciliar essa sabedoria com o respeito ao papel do homem é possível, quando se entende que liderança não é dominação, e ajuda não é inferioridade. Deus desenhou o homem e a mulher com funções diferentes, mas igualmente importantes. A mulher que caminha com sabedoria não se omite, mas também não compete. Ela constrói com o outro, não contra o outro. E, muitas vezes, é a sua sabedoria que sustenta o equilíbrio de uma relação, justamente porque ela compreende os limites do ego e a grandeza da cooperação.
Infelizmente, há situações em que homens, por insegurança ou distorção de princípios, tentam limitar a mulher, calando sua voz ou restringindo seus dons. Isso não está alinhado com o coração de Deus. A mulher foi criada para ser uma parceira plena, e um homem verdadeiramente guiado por Deus entende que incentivar o crescimento da mulher não ameaça sua liderança, mas fortalece a missão dos dois. Onde há sabedoria, há espaço para ambos florescerem.
(*Eliseu Vicente é pastor, conferencista e líder eclesiástico. Autor de seis livros, escreveu “O grito de uma mulher sábia”, no qual revisita o capítulo 20 do Livro de 2º Samuel)
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Postado por: Eliseu Vicente (*), 28 Maio 2025 às 13:00 - em: Falando Nisso