Yves Drosghic (*)
Resultado final... 2018 aí
Apurados os votos do primeiro turno das eleições municipais, a primeira após a Operação Lava Jato, podemos constatar que o xadrez do jogo eleitoral presidencial de 2018 começa a fazer seus contornos.
Se por um lado o voto anti-esquerda, especialmente anti-petista, foi muito forte, por outro lado o crescimento dos votos do PSOL surpreendeu. Porto Alegre, Cuiabá, Belém e Rio de Janeiro demonstraram um crescimento vigoroso deste partido, que nasceu de uma costela do PT.
Mas, o que impressionou, foi a estrondosa vitória do empresário e dublê de político João Dória em primeiro turno na cidade de São Paulo. Ela consolida o PSDB paulista na frente pela indicação à candidatura presidencial, o que equivale dizer que Geraldo Alckmin é o nome certo do tucanato para presidente da república.
Buscando se diferenciar da "velha política", arrisco dizer que Alckmin se unirá ao PSB, de seu vice Marcio França, numa aliança que deve garantir um bom tempo de TV e se diferenciar dos políticos tradicionais brasileiros.
Por outro lado, o governo federal não vai deixar de disputar as próximas eleições. O bloco de partidos chamados de "centrão", que sustentaram o impeachment, a eleição de Eduardo Cunha e o governo Temer, entrarão em campo com uma candidatura puro sangue pelo PMDB, sendo possivelmente Serra ou Henrique Meirelles o nome da disputa. Essa aliança deverá contar com apoio dos partidos que fazem parte desse espectro de parlamentares do "baixo clero" de Brasília: PR, PMDB, PSD, PP e SD.
Por fim, uma nova esquerda deve surgir com a candidatura de Ciro Gomes pelo PDT, que foi o único partido de esquerda que cresceu em número de prefeituras. Esse projeto será antagônico ao Governo Federal (PMDB e Centrão), apresentando propostas para a volta do crescimento econômico ao mesmo tempo em que fará críticas ao PSDB e PT.
Vale indagar que, com a vertiginosa queda do petismo, pra onde irão os votos que elegeram Lula duas vezes e Dilma duas vezes? Quem será capaz de encarnar um projeto capaz de representar a volta do crescimento econômico, com distribuição de renda e respeito às instituições?
O PT será capaz de lançar um novo nome, ou mesmo Lula? Ou apoiará o projeto de Ciro Gomes numa frente de centro-esquerda com PCdoB e setores progressistas da vida nacional?
Mas, você pode estar pensando, e o Bolsonaro? Bom, a candidatura de seu filho no Rio de Janeiro demonstrou que até começa bem nas pesquisas, mas ao longo dos debates e programas eleitorais, e principalmente com a verborragia da campanha, acaba perdendo muitos votos. O eleitorado acaba tomando consciência do perigo que é votar em um fundamentalista para o mais alto cargo da República.
Assim, as eleições em 2018 começam a ter seus nomes mais expressivos, após os resultados eleitorais deste primeiro turno. Geraldo Alckmin, Serra ou Meirelles e Ciro Gomes saem na frente para as próximas eleições.
(*Yves Drosghic é advogado e presidente municipal do PDT de Campo Grande)
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Postado por: Yves Drosghic (*), 04 Outubro 2016 às 13:00 - em: Falando Nisso