Quem se exaltar... Heitor Freire (*)

Quem se exaltar...

O ser humano, por natureza, é narcisista. No dicionário, narcisismo significa amor próprio. Do ponto de vista da psicanálise, o narcisismo é um elemento fundamental para a composição da identidade, ou seja, da forma como o indivíduo se enxerga perante o mundo. Para Freud, é uma característica normal em todos os seres humanos.
 
O que causa estranheza é quando há exagero nesse comportamento, levando o indivíduo a se considerar superior aos outros, envaidecendo-se de sua beleza ou pretensa superioridade, o que pode provocar ciúme, inveja e conflitos.
 
Quando ultrapassa o estado normal, o narcisismo pode se transformar em patologia, dificultando as relações da pessoa com o seu meio social. Isso leva à vaidade e auto admiração exagerada, e pode chegar a uma relação de superioridade em relação aos outros, em vez de igual para igual. 
 
O exagero com que enxerga a si mesmo leva o narcisista a se exaltar, pois se considera superior a todos e exige tratamento diferenciado, sem perceber que sua auto exaltação cria um abismo entre ele e os outros. E que longe de causar admiração, acaba gerando antipatia e isolamento.  
 
Penso que a saúde mental, principalmente nestes momentos de estresse extremo, é um fator que deve merecer atenção especial, pois dela decorre o nosso bem estar, nossa integridade, equilíbrio emocional e satisfação com a vida, influenciando o modo como pensamos, sentimos e agimos.
 
A saúde mental nos proporciona equilíbrio espiritual e contribui para o nosso desenvolvimento pessoal, além de despertar a consciência.
 
Em Lucas 18:9-14, Jesus conta uma parábola para ensinar sobre a arrogância daquele que se auto justifica e se exalta (religioso fariseu) em contraste com um pecador (publicano) que se reconhece como tal. Esse paradoxo é justificado pelo Senhor, culminando com a sentença: “Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado”. 
 
Quando isso acontece é o momento de pararmos tudo. Ouvir o nosso coração. Refletir. Meditar. Buscar o verdadeiro sentido do que está acontecendo para que possamos avaliar nosso próprio comportamento. Cada um tem dentro de si todas ferramentas necessárias para fazer essa avaliação e mudar. 
 
Na contramão disso, a privacidade nos permite, com o trabalho silencioso e consciente, a manifestação da humildade. A humildade está presente agora e não no futuro. A humildade emerge naturalmente da consciência do ser, quando se aprende que ninguém é melhor que o outro. E ela nos conduz à busca da verdade e nos mostra a importância de nos conhecermos na essência. Esse processo de autoconhecimento nos liberta de todas as amarras que condicionavam nosso comportamento. Sem essa conquista, tudo é ilusão.
 
Entre todas as Suas qualidades divinas, a que mais me impressiona em Jesus é a humildade. Jesus é o Mestre dos Mestres, que deve ser devidamente reverenciado por toda Sua majestade. No entanto, sendo quem É, fez-se humano para aqui na horizontalidade nos ensinar como proceder. A humildade é a rainha das virtudes e ela está presente em cada um dos Seus atos.
 
Nestes tempos de perplexidade em que vivemos, em que todos os procedimentos são colocados em xeque com inversão de valores, emerge soberana a presença divina de Jesus, com Sua Luz a nos indicar o caminho: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida, ninguém vem ao Pai, senão por mim”. (João 14:6).
 
Mais do que nunca, cabe a nós praticarmos os ensinamentos de Jesus. Constantemente estamos todos recebendo mensagens de todas as partes, exortando-nos a uma mudança de hábitos, deixando a ignorância, arrogância, prepotência, soberba, egoísmo, e a indiferença em prol das práticas do amor, da solidariedade e da caridade. Pois com essa mudança estaremos todos contribuindo para o verdadeiro despertar da humanidade e para a nossa própria evolução. O momento é este. Não podemos deixar para depois. A mudança de atitude, seguindo a orientação de Jesus, é fundamental.
 
O amor finalmente triunfará, e todos olharemos nossos semelhantes como irmãos verdadeiros, filhos de Deus, contribuindo com nossas energias para a harmonização global. Cumpriremos o Seu mandamento divino: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos”. 
 
(*Heitor Rodrigues Freire – corretor de imóveis e advogado)


Deixe seu comentário


Postado por: Heitor Freire (*), 23 Julho 2022 às 08:15 - em: Falando Nisso


MAIS LIDAS