Pra começo de conversa Dante Filho (*)

Pra começo de conversa

Você se sentiria orgulhoso em ter Dilma como presidente do Brasil por mais quatro anos? Se a resposta for sim, vote nela. Se for não, procure outro candidato – a lista está crescendo. A pergunta pode ser feita para qualquer outra candidatura: você sentiria orgulho em ter Nelsinho Trad ou Delcídio Amaral como governador de Mato Grosso do Sul? Quem mexe mais com seu coração? Quem balança a sua cabeça? Respire fundo e escolha.
 
Mais ainda: você tem coragem de responder com boca cheia de satisfação de que o prefeito de sua cidade – no caso, Campo Grande – é Alcides Bernal? Está feliz com o personagem? Sente-se vinculado com seu modelo político-administrativo?
 
No fundo, é disso que se trata: orgulho, satisfação, identificação, esperança. Quem lhe oferece isso?
 
Enfim: quais candidatos escolhidos pelos partidos representam seus valores e princípios? Vou apertar mais o parafuso: os nomes veiculados pela imprensa conseguem criar uma relação de identificação com aquilo que você considera ideal para que sua cidade, seu Estado e seu País fiquem melhores?
 
Estas questões não são triviais. Eles constituem o âmago do problema político em voga: o brasileiro observa o quadro, analisa alguns candidatos, repara o comportamento dos partidos, e só consegue sentir raiva e impotência. Percebe que está preso a uma camisa-de-força institucional e que a democracia representativa não oferece respostas adequadas para inúmeros problemas.
 
Tudo bem, isso faz parte do jogo. No fim, querendo ou não, o processo eleitoral segue seu curso. Os candidatos vão apresentar suas propostas, fazer suas promessas, mostrar seu prontuário de serviços, divulgar fotos e imagens, sacar frases de efeito preparadas por marqueteiros treinados, muitas vezes atuando numa realidade paralela completamente dissociada do mundo real...e vamos que vamos.
 
Assim com a crescente profissionalização das campanhas, os candidatos ficam cada vez mais parecidos com bonecos de plástico. Por isso, será importante prestar atenção: quem são aqueles que tem sangue nas veias, verdade na alma e cérebro sintonizado com o cotidiano das pessoas, com suas verdades, necessidades e sofrimentos?
 
Olhemos para o plano nacional. De um lado, temos uma presidente-candidata comandada pelo seu antecessor. Ela não dá um passo sem pedir autorização para Lula e seu staff. Autonomia zero. Fornece todas as indicações de que fará uma das campanhas mais caras da história. Não se furtará em fazer o diabo: usará a caneta e toda maquinaria disponível para vencer no primeiro turno. Será embalada para vender um Brasil maravilhoso e perfeito.
 
Enquanto isso, no País verdadeiro, a corrupção domina, a economia claudica, as promessas se esfumaçam, nada funciona, o povo grita nas ruas (quando tem coragem) e morde o travesseiro de raiva com medo de sair de casa porque é só o que lhe resta.
 
Tudo isso condensa, certamente, um desejo de mudança. Mas quem galvanizará esse sentimento multitudinário? Quem conseguirá provocar as redes neurais de milhares de cidadãos para mostrar que há outro caminho? Qual projeto coletivo terá o poder de criar um curto-circuito mental na atual inércia provocada pelo populismo lulo-petista e estabelecer atitude para mudar o que aí está?
 
A resposta é complexa. No plano estadual dá vontade de se jogar no abismo. Até que ponto os dois mais destacados candidatos representam os sentimentos verdadeiros do que sonhamos para o Mato Grosso do Sul? Avaliem: o andrezismo já pré-agendou o Estado pelos próximos 3 anos. Seja quem for o governador, o roteiro a ser seguindo está consolidado. Portanto, a escolha não será administrativa. Será uma opção pelos valores e princípios. Quem se habilitará a mexer com as razões e emoções para provar que é a melhor escolha neste momento?
 
(*Dante Filho é jornalista e escritor dantefilho@terra.com.br)


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Postado por: Dante Filho (*), 10 Março 2014 às 13:28 - em: Falando Nisso


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