Wagner Cordeiro Chagas (*)
Plano Collor e as eleições de 1990 em MS
Apresento aqui o quarto artigo da série sobre as eleições gerais em Mato Grosso do Sul, neste verso sobre o pleito eleitoral de 1990. Aquela disputa aconteceu sob a influência de dois contextos: um a nível nacional e outro a estadual. O primeiro diz respeito ao início do governo Fernando Collor de Mello (PRN), o mais jovem chefe da República brasileira, eleito aos 40 anos de idade, em disputa acirrada com o ex-operário e deputado federal Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 1989.
Empossado no dia 15 de março de 1990, o presidente surpreendeu a nação ao apresentar o Plano Collor, que, entre outras medidas, confiscou o dinheiro da poupança de significativa parcela dos brasileiros. O governo alegava que era uma medida dura para derrubar a inflação descontrolada herdada do governo José Sarney (PMDB). O plano fez os preços caírem por alguns meses, mas ao mesmo tempo gerou uma grave recessão econômica, pois sem dinheiro em circulação, empresas e fábricas diminuíram a produção e isso gerou demissões.
Em âmbito estadual, Mato Grosso do Sul era administrado por Marcelo Miranda Soares (PMDB), que, devido a vários fatores, enfrentava problemas de gestão, como atraso no pagamento de salário de servidores públicos. Além da popularidade baixa, o governador experimentava uma crise política devido ao rompimento dos irmãos Wilson Barbosa Martins e Plínio Barbosa Martins com seu grupo e partido.
No entanto, pouco tempo depois, conforme a historiadora Marisa Bittar, quando Marcelo Miranda declarou apoio a candidatura de Gandi Jamil (PDT) ao governo, o senador Wilson Martins (PSDB) articulou e colocou sua filha Celina Jallad (PMDB), como candidata a vice-governadora naquela chapa. O PMDB que desde 1982 era a cabeça de chapa, nesta eleição ocupava uma posição de menor destaque.
Nesse contexto, eis que reapareceu o ex-governador Pedro Pedrossian como candidato ao Executivo estadual. Nas eleições presidenciais de 1989 ele foi o maior apoiador de Fernando Collor no estado. Em contrapartida, Collor deu total apoio a Pedro Pedrossian na campanha de 1990. Dessa forma, a disputa ao governo se deu entre o engenheiro civil Pedro Pedrossian (PTB), o empresário e então deputado federal Gandi Jamil (PDT) e o advogado Manoel Bronze (PT). Desta vez as eleições não ocorreram no dia 15 de novembro, como em 1986 e 1982, pois, como determinava a Constituição de 1988, seria no primeiro domingo de outubro. Pedro Pedrossian, famoso no antigo Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul por realizar grandes obras públicas, venceu no primeiro turno.
Para a Câmara dos Deputados foram eleitos: Marilu Guimarães, José Elias Moreira e Nelson Trad, todos do PTB. Do PST: Flávio Derzi e Waldir Guerra. 3 partidos elegeram 1 nome cada, Elísio Curvo (PRN), George Takimoto (PFL) e Valter Pereira (PMDB).
Para a Assembleia Legislativa, foram escolhidos, pelo PTB: Fernando Saldanha, Valdomiro Gonçalves, Waldir Neves, Wilson de Oliveira, Armando Anache, Aluísio Borges e Claudinei da Silva. Pelo PST, Londres Machado, Alberto de Oliveira, Maurício Picarelli, Sebastião Tomazelli e José Batiston. Do PMDB elegeram-se: Valdenir Machado, Waldemir Moka e Franklin Masruha. O PDT foi representado por Oscar Goldoni, Roberto Razuk, José Monteiro e Loester Nunes. Do PFL o único eleito foi Cícero de Souza. O PSDB, o PT e o PRN, partido nanico de Collor, estrearam no Legislativo estadual. O primeiro com André Puccinelli e Eder Brambilla; o segundo com Zeca do PT, e o terceiro com Humberto Teixeira.
O senador eleito para a única vaga foi o ex-prefeito de Campo Grande Levy Dias (PTB), que concorreu com Juvêncio da Fonseca (PMDB) e Pedro Teruel (PT).
(*Wagner Cordeiro Chagas é mestre em História pela UFGD e professor em Fátima do Sul, pesquisa sobre história política de MS desde 2007 e é autor do livro “As eleições de 1982 em MS” - 2016)
Deixe seu comentário
Postado por: Wagner Cordeiro Chagas (*), 04 Setembro 2018 às 10:15 - em: Falando Nisso