Heitor Freire (*)
Pelo amor ou pela dor
Muitas são as teorias que o ser humano desenvolveu a fim de buscar uma explicação que definisse e embasasse o enigma da vida. Há todo tipo de hipóteses contemplando as mais variadas teses: religiosas, filosóficas, matemáticas, geográficas, esotéricas. Umas mais simples, outras nem tanto e ainda outras complexas. Mas uma coisa é certa: a evolução do homem é constante, desde que por aqui aportaram Adão e Eva.
A linha ascendente que representa nossa curva de evolução se caracteriza em forma de espiral com uma circunferência imensa que, a cada movimento, se eleva de forma imperceptível, mas constante. Assim, não há extravio, só um fluxo ininterrupto, sem volta. A meu ver, tudo se resume em dois pontos: a evolução só se dá por duas vias, pelo amor ou pela dor.
Pelo amor, quando se exerce a arte de bem viver – uma verdadeira arte praticada por quem tem o entendimento de que temos muito a aprender, a aceitar, a mudar, a ceder e a ensinar com uma grande dose de coragem e desprendimento. Como uma ciência para gerir as formas de energia, aprendendo a dirigir a força vital que se manifesta em cada um de nós como um esforço que vale a pena, com muitas recompensas.
Pela dor, quando a teimosia, decorrente da falta de aceitação das circunstâncias, se transforma em ação contrária causando situações que criam obstáculo e sofrimento.
O amor é o firme fundamento diante das vicissitudes da vida. Pode ser que se precise muito tempo para compreender essa verdade, e colocá-la em prática; ainda mais quando está ligada a outra ainda maior: o que cada um faz para si, faz para outra pessoa. O que faz por ela, faz por si.
O amor é uma energia divina inerente ao ser humano que, quando conscientizada, unifica todas as possibilidades de fragmentação. Só podemos amar quando enxergamos Deus em nós através de nossas experiências com Ele, e não há outro modo de identificação pelo qual podemos amar; podemos ser simpáticos, educados, podemos nos confraternizar uns com os outros, com aqueles que nos rodeiam; contudo, se não houver maturidade que possa identificar essa experiência, nada acontecerá.
Todos os atos realizados pelo ser humano se baseiam no amor e na dor; todas as decisões na vida, em todas as áreas do comportamento humano, estão relacionadas com amor e dor, cuja identificação se faz, muitas vezes, pelo medo – embora a verdadeira mudança pela dor comece em aceitar mudanças, esse é o caminho. A dor não é um mandato divino, mas Seu grande instrumento de modelagem da vida.
No meu caso, o aprendizado se fez pela dor. Muitos atos imprevidentes me causaram grande sofrimento, o que, aos poucos, foi me mostrando o caminho da redenção e da mudança quando entendi o significado da dor e pude, assim, trilhar meu próprio “caminho de Damasco”, promovendo minha libertação. A dor me ensinou a olhar para trás com gratidão e a olhar para a frente, com esperança. O ensinamento ficou como exemplo de mudança, aceitação e evolução. Graças a Deus!
O medo é a energia que restringe, fere, paralisa, retrai, nos leva a fugir e nos esconder.
O amor é a energia que expande, move, revela, nos leva a ficar e compartilhar, que cura.
O medo faz segurar tudo o que se tem; o amor reparte.
O medo sufoca, o amor mostra afeição.
O medo oprime, o amor liberta.
O medo critica, o amor regenera.
Todos os pensamentos, atos, e palavras se baseiam em uma dessas emoções.
"O amor é uma realização do impulso divino interno da vida. Ele baseia-se na compreensão, nutre-se do serviço não egoísta e aperfeiçoa-se na sabedoria”. (Ensinamento do Livro de Urântia em seu documento 174:2)
Enfim, o amor está expresso em todos os lugares, em todas as pessoas. Basta saber enxergá-lo.
(*Heitor Rodrigues Freire – corretor de imóveis e advogado)
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Postado por: Heitor Freire (*), 14 Dezembro 2024 às 09:15 - em: Falando Nisso