Os três poderes precisam cortar na própria carne Pedro Lima (*)

Os três poderes precisam cortar na própria carne

Diante dessa maior crise econômica, social, moral e política que o país atravessa, não tem como o governo tentar tirar apenas do lombo do trabalhador brasileiro, com reformas como da Previdência, Trabalhista e a Terceirização, a solução para os nossos problemas. O momento é propício sim para que não só o governo, mas os três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) cortem a própria carne acabando com mordomias, privilégios e gastos excessivos que oneram e muito os cofres públicos.
 
Nas últimas semanas a ONG Contas Abertas divulgou dados que não foram contestados por nenhum dos poderes e que são simplesmente estarrecedores devido aos vultuosos valores que representam em regalias e exageros financeiros pagos pelo povo brasileiro para uma minoria. Os números ganharam as manchetes dos maiores veículos de comunicação do país, mas, infelizmente, parecem ter caído no esquecimento público.
 
Vamos a alguns desses dados divulgados e que precisam se tornar de conhecimento público geral para que a população possa cobrar com mais firmeza e determinação para mudar. Nosso legislativo é o mais caro do mundo, afirma a ONG. Veja o por quê: O minuto trabalhado nesse poder tem o custo médio de R$ 11.545,00. No Senado, por exemplo, cada um dos 81 senadores não custa menos que R$ 33 milhões/ano, enquanto o custo de cada um dos 513 deputados federais é de R$ 6,6 milhões/ano.
 
Juntando a média do que recebem deputados federais e senadores no Brasil, chega-se à triste (para o cidadão) soma de R$ 10,2 milhões/ano. Para se ter ideia do quanto esses valores são astronômicos, exagerados e imorais, na Itália essa média é de R$ 3,9 milhões; França, R$ 2,8 milhões; Argentina, R$ 1,3 milhão e na Espanha, apenas R$ 850 mil.
 
Em Brasília, cada deputado distrital não sai por menos de R$ 10 milhões/ano e vereadores do Rio e São Paulo, por exemplo, R$ 5 milhões.
 
O Poder Executivo por sua vez possui 28 ministérios e 151 empresas estatais, que poderiam sofrer uma necessária, drástica e urgente redução pelo bem do país. Mais enxuto, o governo poderia se dedicar mais e melhor em outras áreas prioritárias para o povo brasileiro como na sáude, na educação e na infraestrutura urbana.
 
Inchado e gordo como está o Governo não tem condições de se sustentar e por isso se vê obrigado a partir para cima do lado mais fraco: o trabalhador brasileiro. É ele quem paga a conta, pois o governo não tem peito e nem coragem para enfrentar o poderio das grandes empresas, dos bancos, que acabam sendo privilegiados com isenções tributárias e outras regalias, além de financiamento de dinheiro público à vontade. E olha que nem entraremos na questão corrupção.
 
E nosso Judiciário? Há muita “gordura” ali que precisa ser cortada, extraída, extirpada! Vejam por exemplo os juízes que têm férias anuais de quase 60 dias e entre outras questões e regalias há ainda o famigerado e inconcebível “Auxílio Moradia” que é pago para juízes, promotores e procuradores, mesmo àqueles com imóvel próprio nas cidades onde trabalham.
 
Pensam que é pouco esse auxílio? Insignificante? Então vejam a conta: de 2015 até hoje, segundo dados da Associação Contas Abertas, só com esse auxílio já foram gastos  mais de R$ 4 bilhões. Isso mesmo! Mais de qua-tro  bi-lhões de reais, de dinheiro público que poderiam ser usados em remédios, livros e melhores escolas por este grande e semianalfabeto Brasil. Um País em que as autoridades parecem não ter o menor interesse de que as pessoas sejam estudadas, instruídas.
 
Certamente essa deve ser uma estratégia daqueles que detêm o poder: impedir que o povo se desperte (por intermédio da educação) e se levante contra esse estado de coisas que se revela por esses números e valores, que são apenas a ponta do “iceberg” das coisas erradas e absurdas que predominam no Brasil, sustentadas pelo povo brasileiro, sem seu aval, sua autorização.
 
Então, Governo (3 Poderes), não venha falar em crise, reformas e aumento de preços e impostos para o povo brasileiro sem antes fazer esses cortes na própria carne, para que o País rume, de fato, a caminho do Progresso e do Desenvolvimento, com o apoio popular.
 
(*Pedro Lima é presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Dourados e da Fetracom-MS, filiados à Força Sindical)


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Postado por: Pedro Lima (*), 11 Agosto 2017 às 15:20 - em: Falando Nisso


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