Josemil Arruda (*)
Os 100 dias que "abalaram" Campo Grande
Em 1917 uma revolução sacudiu os alicerces do mundo. Pela primeira vez na história, uma classe sem poder econÔmico assumiu o comando de um Estado nacional. Aconteceu na Rússia e foi descrita por John Reed no livro "Os dez dias que abalaram o mundo".
Hoje está fazendo 100 dias que o prefeito Alcides Bernal assumiu o comando da Prefeitura de Campo Grande e são certamente dias que estão "abalando" a cidade.
Já a vitória surpreendente em outubro do ano passado, que impôs uma derrota histórica ao PMDB do governador André Puccinelli e seu candidato Edson Giroto, tinha sacudido os alicerces políticos locais.
Não foi o "outubro vermelho" dos russos, até porque as revoluções se caraterizam historicamente pela violência armada, como aconteceu também na Inglaterra, França e Estados Unidos. Aliás, as tentativas de revoluções socialistas pela via institucional-democrática em geral fracassaram, como aconteceu no Chile, com Salvador Alende.
A derrota eleitoral no final de 2012 gerou a ira do PMDB, que vem de todos as maneiras, inclusive com política de "terra arrasada", tentando solapar a administração de Alcides Bernal.
E Bernal tem ajuda e muito, já que fornece a todo momento "combustível" necessário para que os peemedebistas coloquem "fogo" em sua já decadente administração, com a popularidade do prefeito caindo a índices baixíssimos em pouquíssimo tempo.
Nestes 100 dias, Bernal não só deixou de construir maioria na Câmara de Campo Grande, dominada pelo PMDB, como até perdeu aliados. Com apoio de 9 dos 29 vereadores no começo da gestão, hoje o prefeito da Capital só tem o apoio de sete. Os vereadores Zeca do PT e Rose Modesto (PSDB) já declararam que são "independetes" na Câmara.
O prefeito da Capital pôs mais "gasolina", cuja compra aliás contém vícios de irregularidades por manifesta "preferência" na contratação do posto de combustível, ainda na "fogueira" ao romper ou suspender mais de 20 contratos da administração passada, gerando "insegurança jurídica" e provocando mau atendimento à população, como vem acontecendo no caso dos Centro de Educação Infantil (Ceinfs).
Evidentemente que Bernal deveria combater irregularidades nos contratos suspeitos, mas com a cautela de não prejudicar o povo que o elegeu.
A mesma inabilidade ocorreu em relação aos servidores públicos, atraindo em 100 dias descontentamentos generalizados, especialmente de agentes comunitários e professores, dos quais recebeu fortes ameaças de greve e protestos de rua.
O fato de ter perdido aliados políticos insulflou ainda mais atores institucionais contra as falhas na gestão de Bernal. Com o rompimento do PSDB, o Tribunal de Contas do Estado começou a pegar mais fortemente no pé de Alcides Bernal, reforçando as investigações já realizadas pela Câmara de Campo Grande e o Ministério Público.
Evidentemente que essas ações também deveriam ter sido feitas contra contratos suspeitos de gestões anteriores, como o na área do lixo, celebrado pelo ex-prefeito Nelsinho Trad. Mas há fortes forças políticas que impedem essas providências e o jogo de compadres acaba funcionando.
Com a imprensa não é diferente, com a evidente relação das críticas com a disponibilidade de verbas publicitárias, tanto que a administração do governador André Puccinelli praticamente fica ilesa a ataques. Mas é fato também que Bernal dá muito mais "pauta", atraindo com mais veemência as denùncias.
Mazelas não faltam nestes 100 dias de Bernal.
(*Josemil Arruda é jornalista, editor e proprietário do site MS Notícias, em Campo Grande)
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Postado por: Josemil Arruda (*), 10 Abril 2013 às 11:32 - em: Falando Nisso