Heitor Freire (*)
Oitenta, de novo
Tudo sempre tem um aparente começo, porque na realidade a nossa vida é uma continuidade, um recomeço em cada nova encarnação. O dia 3 de outubro tem essa característica na minha vida familiar. O primeiro 3 de outubro, em 1943, marcou o nascimento da Rosaria, minha mulher; o segundo, em 1962, foi a data do nosso noivado.
Hoje, passados oitenta anos dessa primeira data, ingressamos juntos em novo ciclo, quando a Rosaria ascende a esse seleto clube, alcançando também a simbologia do número 8, universalmente considerado o símbolo do equilíbrio cósmico, confirmado pela nossa experiência. O número 8 deitado simboliza também o infinito, e representa a inexistência de um começo ou fim, do nascimento ou da morte, é aquilo que não tem limite; representa ainda a ligação entre o físico e o espiritual, o divino e o terreno.
O número 8 é peculiar e visto como de grande poder pelos antigos gregos, que diziam: “Todas as coisas são oito”. Sua representação são dois quadrados, um sobre o outro ou dois círculos, também um sobre o outro. O octógono é a sua forma geométrica.
Ao completar estas 8 décadas – ou 80 voltas em torno do sol –, temos que considerar também o significado esotérico do número 8. É um número que possui um valor de mediação entre o círculo e o quadrado, entre a terra e o céu, e por isso está relacionado com o mundo intermediário, com um simbolismo de equilíbrio central e com a justiça.
Na tradição cristã, 8 é o número que simboliza a ressurreição, a transfiguração. Se o número 7 corresponde ao Antigo Testamento, o número 8 simboliza o Novo Testamento. O número 8 anuncia a prosperidade e a bem-aventurança de um novo mundo.
Pitágoras e seus seguidores chamavam o 8 de número da justiça e da plenitude. É o número da lei da causa e efeito, do carma. Só temos o que merecemos. Ou seja, por tudo isso, temos uma dupla comemoração: o aniversário de 80 anos da Rosaria e a sua chegada ao simbolismo esotérico do número 8, que passa a beneficiar a nossa vida, já tão abençoada desde sempre.
O longo e maravilhoso convívio com a Rosaria representa para mim uma alegria desde o nosso noivado, continuando com o nosso casamento, que moldou nossas vidas, coroado com o nascimento das nossas filhas. Todas as dificuldades que enfrentamos – foram muitas, e algumas devastadoras – serviram para fortalecer nossa união e nossa fé. Fé que é fidelidade, e não crença. Fidelidade e coerência nos atos e no comportamento. A vida foi e continua sendo a nossa grande escola, e a Rosaria é a minha grande mestra.
Com o passar do tempo e as vicissitudes, venturas e desventuras vividas, ela sempre foi meu porto seguro, pois ela nunca vacilou nem tergiversou, confirmando uma visão que um amigo vidente teve no dia do nosso casamento. Ele disse que no momento em que o padre consagrava nossa união, viu descer do alto o Espírito Santo, abençoando-nos.
O meu aprendizado se enriqueceu quando comecei a entender que devia aproveitar a convivência com a Rosaria para alcançar a evolução espiritual que sua companhia sempre me proporcionou.
A Rosaria é uma pessoa que tem uma qualidade muito rara: é dotada de bom senso. Aprendi com ela que ser sensato e fazer o correto juízo das coisas é dificílimo. Ela não se dá a extremos, não segue fórmulas preestabelecidas e não se impressiona com qualquer novidade.
Com o nosso relacionamento e com a convivência com as nossas meninas, eu pude observar e confirmar o quanto, realmente, as mulheres são surpreendentes. No meu caso, se eu tivesse ouvido a Rosaria em inúmeras circunstâncias, não teria cometido tantos erros.
Um aprendizado decisivo me foi proporcionado por meio do nosso casamento, e ela sempre foi o farol divino a iluminar o meu caminho. É o meu encanto de todos os dias. Graças a Deus.
(*Heitor Rodrigues Freire – corretor de imóveis e advogado)
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Postado por: Heitor Freire (*), 07 Outubro 2023 às 09:00 - em: Falando Nisso