O fraco nunca pode perdoar Heitor Freire (*)

O fraco nunca pode perdoar

'Perdão é um atributo dos fortes' (Gandhi).
 
Ao longo dos milênios, as mais diferentes filosofias e religiões foram moldando o comportamento dos homens; cada uma procurou inculcar em seus adeptos um ensinamento que lhes permitisse encontrar um caminho que os orientasse na vida.
 
Das mais antigas, podemos citar o Baghavad Gitâ, o Código de Hamurabi, Os Dez Mandamentos, os ensinamentos de Buda, Lao Tsé, Pitágoras, Sócrates, Platão e Aristóteles, culminando com Jesus Cristo.
 
Deixando de lado os mais radicais ensinamentos como a lei do talião (olho por olho, dente por dente), observamos que a partir do século V antes de Cristo houve uma mudança substancial, quando passaram a predominar a prática do amor, da benevolência e do autoconhecimento.
 
A benevolência significa bondade, generosidade, magnanimidade, genialidade.
 
Pois foi exatamente a benevolência que o grande líder sul-africano Nelson Mandela, durante o longo período de 27 anos em que viveu preso, adotou como procedimento essencial que iria se constituir na sua filosofia de vida, pois entendeu que, embora livre da prisão carcerária, sem a benevolência continuaria na prisão mental.
 
Mandela dizia: "O mais difícil não é mudar a sociedade, mas mudar a si mesmo".
 
Foi a partir da experiência de Mandela, da prática da benevolência e do perdão que adotou para transcender sua condição durante o período em que esteve preso, que o escritor Aziz Djendli elaborou um método aplicável à vida cotidiana, cujos benefícios vão muito além da realização pessoal. O comportamento baseado na observação de si mesmo e na sinceridade, num compromisso legítimo de não colaboração com a negatividade e de não violência, permite que a transformação verdadeira possa, de fato, acontecer.
 
Aziz Djendli é psicoterapeuta e trabalha em centros de saúde na França. É autor de livros sobre estresse e tensão emocional. Com mais de trinta anos de experiência, tem feito diversas conferências ao redor do mundo. Seu trabalho é bastante pragmático, oferecendo instrumentos simples e eficazes que podem melhorar a qualidade da vida cotidiana.
 
O que distingue o ser humano dos demais é justamente sua capacidade de raciocinar, de entender, de tomar consciência do seu ser, o que lhe possibilitará, naturalmente, atingir o significado da sua liberdade de ser.
 
O homem é o artífice de seu destino, a mais elevada criação de Deus, que lhe concedeu o livre arbítrio. Por isso, não há um destino traçado, tudo depende de nós mesmos, de nossas escolhas e atitudes.
 
A melhor forma do homem expressar sua superioridade em relação aos outros seres criados é fazer pleno uso de sua consciência – a guardiã do seu ser –, o que leva, naturalmente a um compromisso ético. 
 
O homem, com sua capacidade consciente, não deve se contentar com as coisas medíocres, mas aspirar às mais altas. A capacidade de realização, que somente ao homem é permitida, orientada pela consciência, deve acontecer sempre com vista a alcançar os mais altos valores espirituais. Assim, a capacidade de raciocinar, que leva o homem a ter consciência de sua liberdade consubstanciada no amor ao próximo, tem de estar voltada para o bem.
 
O homem, como ser privilegiado que é, está livre para criar seu caminho, sendo o autor do seu próprio destino.
 
A consciência dessa condição especial foi o que proporcionou a Nelson Mandela sua libertação, sempre baseada na benevolência.  Com isso, ele acabou por inscrever seu nome num dos mais altos pedestais da humanidade.
 
(*Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis e advogado)


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Postado por: Heitor Freire (*), 06 Agosto 2022 às 10:30 - em: Falando Nisso


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