O combinado não é caro

O combinado não é caro

«No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
 
Ele estava no princípio com Deus.
 
Tudo foi feito por Ele; e nada do que tem sido feito, foi feito sem Ele.
 
Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.» (João 1:1-4)
 
No princípio, Deus disse: “Faça-se a luz, e a luz foi feita” (Gn 1:3). Como se vê claramente por esse preceito bíblico, Deus criou o mundo pela força da Sua palavra. Muitos ensinamentos bíblicos confirmam a importância da palavra e a sua força de realização. Por exemplo, em Deuteronômio, 30: 11-14, Deus diz a Moisés que colocou o Seu mandamento no coração e na palavra do homem, para que ele a colocasse em prática.
 
Ou seja, a palavra é o instrumento realizador que o homem pode e deve usar em seu próprio benefício e para conquistar o que desejar. No entanto, por falta de consciência, ela foi se deteriorando e deixou de ser um fator de realização, de amor, de paz, de saúde, para se transformar num instrumento de discórdia, conflito e guerras.
 
Antigamente, a palavra tinha imenso valor. Os acordos eram verbais, confiava-se no caráter dos contratantes. Duvidar da palavra de alguém era ofensivo e quebrava relações de amizade.
 
Os usos e costumes cunharam uma frase que se constituiu em lei entre as partes: “O combinado não é caro”. Esse ensinamento meu pai inculcou na minha mente e no meu coração de forma indelével, e eu pratico sempre.
 
Uma vez, como advogado da Funlec, acompanhei o seu chanceler, professor Alcídio Pimentel, numa reunião com a professora Oliva Enciso (mulher extraordinária, criadora e mantenedora da Sociedade Miguel Couto dos Amigos do Estudante, voltada para crianças carentes), para tratar de um assunto comum às duas entidades.
 
No final dessa reunião, a professora Oliva me pegou pelo braço e disse: “Heitor, preciso te contar uma coisa que, acho, você não sabe. Seu pai, um homem idealista, me procurou um dia, para me dizer que tinha uma fazenda com 1.200 hectares, perto da cidade, e queria doar 300 hectares para a construção de uma escola rural pela Sociedade Miguel Couto. Eu, naturalmente, fiquei muito contente. Bom, para isso, ele mandou medir a fazenda para separar os 300 hectares. O agrimensor que fez a medição era meu amigo, e quando concluiu o trabalho veio me dizer que a área total da fazenda, na realidade, tinha apenas 900 hectares, e não os 1.200, como pensava o seu pai. 
 
Então, procurei o seu pai e disse  para ele que, em função dessa descoberta, ele ficava desobrigado da doação. Mas ele me respondeu: ‘De jeito nenhum, minha palavra é uma só.’ Ele honrou o combinado, e fez a doação.” 
 
Eu, na realidade, soube dessa história, nesse momento. E assim, mais de vinte anos depois da morte do meu pai, recebi mais um legado do seu caráter e do seu exemplo. 
 
Quem não cumpre o que promete acaba se desmoralizando perante sua própria consciência, embora isso não seja perceptível, mas fica registrado para cobrança na hora certa.
 
O cumprimento da palavra define o caráter de um homem. Jesus pontifica isso de forma definitiva, em Mateus 12:37: “Porque por vossas palavras sereis absolvidos; por vossas palavras sereis condenados”.
 
Assim, meus amigos, por uma questão de evolução mental e espiritual, vamos cumprir o que prometemos, para nosso próprio benefício.
 
(*Heitor Rodrigues Freire – corretor de imóveis e advogado)


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Postado por: , 09 Julho 2022 às 08:15 - em: Falando Nisso


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