Aírton Raes (*)
O Ano do Cinema em Mato Grosso do Sul
O Cinema de Mato Grosso do Sul tem se desenvolvido de maneira crescente nos últimos anos. Em 2013 não foi diferente, deixando um saldo positivo tanto na produção audiovisual, como na circulação e realização de mostras e festivais.
Um dos destaques está no aumento do investimento público. Entre recursos do Governo do Estado e prefeitura da Capital, foram cerca de R$ 750 mil destinados no ano passado. Maior valor investido no audiovisual do Mato Grosso do Sul até o momento. Também ocorreu maior articulação entre o setor do audiovisual, através do Colegiado Setorial do Audiovisual e a Associação de Cinema e Vídeo de MS com as entidades governamentais. Entre os resultados está a retomada do edital para a realização de curtas-metragens da Fundação de Cultura, após seu cancelamento pelo Ministério público em 2012. Também foi iniciado o dialogo para a criação de um curso de cinema na UFMS. Pela primeira vez, um representante indicado pelo audiovisual para ocupar uma vaga no Conselho municipal de Cultura de Cultura.
O conteúdo e formatos dos filmes são marcados pela diversidade, mostrando a pluralidade do Estado. Curtas-metragens, médias-metragens e longas-metragens, tanto ficção como documentário, produzidos com recursos públicos e também de maneira independente. Dois filmes longas de ficção foram lançados. “Não Eu”, de direção de Breno Benetti, foi realizado com recursos do município e iniciativa privada. Conta a historia de um homem que sai em uma busca existencialista pela cidade de Campo grande. Já o filme “Honra”, foi feito de forma totalmente independente pelo cineasta Alexandre Couto e sendo o primeiro longa gravado totalmente em alta definição. O filme retrata o cotidiano do homem do campo e de outras figuras típicas do mundo rural.
Lançado no final do ano passado, o documentário “Mitã”, de Alexandre Basso, faz um passeio pelo universo da infância de forma poética e profunda, trazendo referências universais sobre temas como educação, espiritualidade, tradição e cultura dos povos. Entre os curtas lançados em 2013, destaque para o “Do Sul, mato Grosso do Sul”, de Fábio Flecha, onde a trama gira em torno da confusão do nome do estado durante a negociação entre dois bandidos. Já o curta “Hydrochoeruspaedia 3D” é uma mini enciclopédia sobre as capivaras filmado com a tecnologia 3d desenvolvida pelo professor Hélio Godoy.
O ano que se encerrou também serviu para a circulação em festivais dos nove filmes lançados em 2012. Um dos destaques vai para “O Florista”, de Filipi Silveira, que foi selecionado para o Festival de Cannes, e colecionou prêmios entre as dezenas de festivais que participou. O curta de horror “Red hookers” da sul-mato-grossense Larissa Anzoategui também percorreu diversos festivais e mostras pelo mundo. O documentário “Uma Lei para Todas”, de Ana Patrícia Nassar e Sidney Morais de Albuquerque, foi Premiado no Concurso sobre a Lei Maria da Penha, promovido pelo Congresso Nacional do Brasil, TV Câmara e Banco Mundial. O vídeo retrata a dificuldade na aplicação da Lei Maria da Penha para as mulheres indígenas de Mato Grosso do Sul, frente à recusa do atendimento nas delegacias do Estado.
2013 também foi um ano singular para a realização de festivais e mostras no Mato Grosso do sul para aproximar o público do cinema local. Campo Grande sediou a edição do Festcine Vídeo América do Sul, realizado pela ACV-MS e ocorreu no Cinepolis do Shopping Norte sul Plaza, contando com a presença de personalidades como Leticia Sabatella e Ney Matogrosso. O festival trouxe filmes nacionais e sul-americanos, dando grande destaque a produção do MS. Dos 36 filmes exibidos, 21 são do Mato Grosso do Sul.
Na capital também ocorreu a primeira edição da Semacine (Semana de Cineclubismo, Cinema e Educação de Campo Grande) e do SEDA (Semana do Audiovisual). Realizado pela Fundação de Cultura, O Fuá (Festival Universitário de audiovisual) chegou a sua 7ª edição. Em Dourados, a UFGD realizou a primeira mostra de audiovisual da cidade. Em Ivinhema ocorreu o 10º Festival de Cinema do Vale do Ivinhema.
Para 2014, as previsões são das mais otimistas. Pelo menos dez filmes, entre curta-metragem e longa-metragem estão em fase de produção ou finalização e devem ser lançados durante este ano. Os festivais de Cinema pelo Estado terão novas edições, incluindo o Festcine vídeo América do Sul. Está em articulação entre a sociedade civil e a Fundação de Cultura do Estado a criação de uma Film Commission para ajudar no desenvolvimento no Cinema no MS. Provavelmente novos filmes de diretores principiantes e experientes irão surpreender o público.
(*Aírton Raes Fernandes é jornalista e produtor audiovisual em Campo Grande)
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Postado por: Aírton Raes (*), 09 Janeiro 2014 às 18:00 - em: Falando Nisso