O amor está no ar Heitor Freire (*)

O amor está no ar

Não é por acaso que nós estamos encarnados, nesta vida, neste momento. Há um propósito para isso. É comum não nos darmos conta disso e vivermos de forma aleatória e automática, mas agora, mais do que nunca, é preciso ter consciência do nosso compromisso com Deus.
 
Vamos fazer de nossas vidas um cântico de louvor ao Criador, cumprindo o ensinamento que Jesus ensinou: “Amar a Deus sobre todas as coisas do céu e da terra e ao nosso semelhante como a nós mesmos”. Vamos viver intensamente, fazendo de cada instante um momento supremo, pleno, eterno enquanto dure, pois como filhos de Deus podemos fazer em escala menor tudo o que Ele pode infinitamente.
 
Vamos orar pedindo força e coragem, mas sem esperar que caiam do céu, não permitindo que o manancial da fé se transforme em água estagnada. Não deixemos que o medo neutralize a nossa força. O medo decorre do desconhecimento da verdade fundamental: somos filhos de Deus, dotados dos predicados e atributos que Ele nos proporcionou. Vamos fazer com que essas virtudes se manifestem intensamente.
 
O amor, essa energia infinita que se encontra imanente no coração do ser humano, permanece, muitas vezes, recolhido no recôndito do ser, encolhido, escondido, sem vontade de se manifestar, tantas são as situações que o homem cria com sua ignorância e
desconhecimento deixando passar a oportunidade de se mostrar em plenitude em vez de  transformar o que está ao nosso alcance.
 
Mas nem tudo é desatino. E aqui vai uma sugestão. Nestes tempos conturbados, em que só se fala de conflito, limpemos a mente passemos a valorizar o que está bem debaixo do nosso nariz. Ou melhor, ao alcance dos nossos ouvidos. Com a chegada da primavera, temos o privilégio, aqui em Campo Grande, de ouvir o lindo canto do sabiá, em qualquer ponto da cidade. Ele nos inspira beleza, suavidade e enleva a alma.
 
Eu sempre presto muita atenção no canto do sabiá, que me desperta logo cedo, alegrando o meu dia. Esse canto pode ser ouvido ao amanhecer ou ao entardecer, e lembra o som de uma flauta. Com ele, o sabiá demarca seu território e serve para atrair a fêmea. Ele canta com a alma, fazendo tremer todo o seu corpo. Quem já viu um sabiá cantar sabe bem do que estou falando.
 
O sabiá-laranjeira é muito comum aqui na América do Sul, tem a plumagem cinza no alto do peito que vai se transformando em cor de ferrugem, e pode ser visto em qualquer árvore da cidade, desde que se tenha olhos para ver e ouvidos para ouvir. É preciso estar sereno e atento a essa pequena delicadeza.
 
O nome do sabiá deriva do tupi haabi'á, que significa “aquele que reza muito”, como se o seu canto fosse uma forma de oração. Esse belo passarinho é bastante lembrado em muitas letras do nosso cancioneiro tradicional, e há uma lenda indígena que diz que quando uma criança ouve o canto do sabiá-laranjeira ela é abençoada com amor, felicidade e paz.
 
E já que estamos na estação do amor e o amor está no ar, vamos fazer como “aquele que reza muito”, e espalhar o amor como se fosse o perfume da primavera e o belo canto do sabiá.
 
(*Heitor Rodrigues Freire – corretor de imóveis e advogado)


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Postado por: Heitor Freire (*), 17 Setembro 2022 às 08:15 - em: Falando Nisso


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