Nelson Trad Filho (*)
Não vamos desistir do Brasil
A tragédia que ceifou a vida de Eduardo Campos, no último dia 13, interceptou de forma abrupta o vôo ascendente da mais promissora e sensível liderança política surgida no Brasil nos últimos tempos.
A morte surpreendeu Eduardo Campos no momento em que mobilizava o país em torno de um projeto político que, sem apelos ´salvacionistas`, busca interpretar, objetivamente, o crescente desejo da sociedade por uma alternativa capaz de superar a longa alternância de poder ´pactuada` em esgotado dualismo.
O trágico desaparecimento de Eduardo Campos não anula nem posterga o Projeto de amplas e profundas transformações que ele formulou para o Brasil, a partir da extraordinária experiência de governo que construíra em Pernambuco.
Como prefeito de Campo Grande e amigo de Eduardo, tive a oportunidade impagável de, convidado por ele, conhecer os resultados transformadores, sobretudo os frutos dos investimentos sociais que repercutiam de forma direta e generosa na melhora de vida das pessoas.
O olhar límpido e desassombrado de Eduardo Campos às vezes traía uma lágrima ante a expressão de incontida gratidão de uma família enfim abrigada em moradia digna, ou frente ao áspero sertanejo enternecido pelo ´milagre` da água permanente na cisterna ou no açude escavado no Agreste e no Semi-Árido áspero e adorado.
Dessas privilegiadas incursões com Eduardo Campos a territórios tão díspares do Pernambuco que governava, auferi a convicção de que nele tínhamos um homem público diferenciado, cuja vocação política centrava-se, exclusivamente, na valorização do ser humano através de oportunidades concretas. Esse era, no seu entender, o único meio de superação das desigualdades crônicas.
Os investimentos em modernização tecnológica, em infraestrutura, em qualificação da gestão pública, em saúde, educação, saneamento, segurança e habitação, feitos por Eduardo Campos nos sete anos em que governou Pernambuco, tiveram, todos eles, vocação humana e social. E exatamente por isso, geraram profunda mudança de mentalidade, autêntica ruptura social com a dependência própria do subdesenvolvimento.
Estadista pragmático tanto quanto líder político com alta capacidade de administrar divergências, Eduardo Campos não pretendia simplesmente transplantar para o Brasil sua experiência no governo pernambucano. Movia-o, isto sim, a íntima certeza de que é possível construir o sonho coletivo de um país mais inclusivo e solidário, em que os frutos do desenvolvimento sejam partilhados por todos.
A tragédia do fatídico 13 de agosto abateu em pleno vôo o sonho pessoal, plausível e realista, que mobilizava coração e mente de Eduardo Campos por esse Brasil mais justo, generoso e próspero. Porém, não destruiu o Projeto de Nação, amalgamado pelo líder jovem e impetuoso, que nos deixa como testamento pulsante, a intransferível responsabilidade de avançar, com todas as nossas forças e sob sua inspiração, para concretizar os ideais de um Brasil onde a prosperidade não seja privilégio de poucos, mas um bem comum.
Como amigo pessoal e admirador incondicional do homem e do líder político de quem a nação se vê órfã em momento tão crucial, penso que a grande tarefa que une a todos nós, que comungamos de seus ideais, é a de levar avante o Projeto construído por Eduardo Campos para o Brasil...Agora sem Eduardo Campos.
Em Mato Grosso do Sul, com a disposição redobrada pela trágica simbologia de seu sacrifício, vamos levar a todos os quadrantes e aos corações de todas as pessoas, a mensagem de Eduardo Campos, de que um Brasil melhor é possível.
Em honra da memória e em respeito às fundadas esperanças de Eduardo Campos, também aqui em Mato Grosso do Sul, não vamos desistir do Brasil.
(Nelson Trad Filho, médico, é ex-prefeito de Campo Grande e candidato ao governo de MS pelo PMDB)
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Postado por: Nelson Trad Filho (*), 19 Agosto 2014 às 12:58 - em: Falando Nisso