Eclair Nantes (*)
Mulheres nas eleições da OAB-MS
É inegável que o mundo vive uma revolução feminina. Em tempo algum em nossa história a participação das mulheres foi tão decisiva para se construir novos ambientes no trabalho, no espaço doméstico e nas instituições.
Com avanços e recuos, constatamos que estamos transformando mentalidades e alterando de maneira significativa a cultura das sociedades, inserindo no centro do debate questões como diálogo, tolerância e paz.
Pouco a pouco as mulheres conquistam espaços, alargando as dimensões restritas de que pertencemos a uma esfera estranha das chamadas “minorias”, quando, na verdade, numericamente, somos maioria.
Todo esse processo evolutivo passa por intensos debates. Numa democracia esses debates são sujeitos a inúmeras variáveis. Cada grupo social escolhe seu caminho e seus pontos de vistas e os colocam para a apreciação de todos.
O importante é ter a cabeça aberta para aceitar, ponderar e avaliar. Assim é que se constroem consensos entre homens e mulheres e é assim que estruturamos uma sociedade sadia.
Que bom que ninguém pode se considerar dono (a) da verdade. Que bom que podemos discutir abertamente nossas preferências, sem estigmatizar, rotular ou desrespeitar o próximo. E assim podemos conversar abertamente, sem desmerecer opiniões diferentes.
Nesse aspecto, acho que as eleições da Ordem este ano em Mato Grosso do Sul serão marcadas por forte presença das mulheres em todas as chapas. A representatividade que conquistamos em cada chapa é um dado incontestável. A presença feminina é uma realidade e não há o que se falar sobre esse fato.
Claro que há diferenças em cada grupo eleitoral. Isso faz parte do jogo democrático. Há chapas que optaram em ter mulheres em determinados postos e funções, outros pensaram no fator quantitativo e outros no qualitativo. Mas em todas as chapas as mulheres foram contempladas com espaços que lhe permitirão atuar com força dentro da OAB/MS.
Não podemos imaginar que qualquer discussão em torno deste tema seja dedicada sobre qual chapa tem menos ou mais mulheres. Isso, infelizmente, empobrece a discussão porque fica parecendo que a participação feminina fica restrita a uma jogada de marketing, encobrindo o fato de que precisamos qualificar a presença institucional da mulher numa estratégia de longo prazo.
Notemos que todas as chapas em disputa os homens figuram como candidatos à presidência. Todos são grandes profissionais e pessoas valorosas. Mas ressalte-se que suas composições foram decididas democraticamente entre homens e mulheres. Não se concebeu em nenhum momento que estavam se formando clubes dos bolinhas nem das luluzinhas neste momento.
O que cada chapa discutiu girou mais em torno de quais os nomes poderiam, estrategicamente, fortalecer a nossa entidade. Cada advogado participante fez suas escolhas, depois de intensas discussões. Cada chapa escolheu seu caminho, sem se preocupar com questões de gênero, raça, ideologia etc. O importante é o programa a ser implementado. Ele não será masculino nem feminino. Ele será de todos os advogados e advogadas de nosso Estado.
Acredito que somos maduros e abertos para compreender essa realidade de maneira sensata. O fundamental é garantir representatividade e participação. Quem está certo ou errado, o conjunto dos advogados e advogadas decidirá na hora do voto. Sem preconceito, racionalmente e sem rótulos fora do tempo e do espaço.
(*Eclair Nantes Socorro Vieira é advogada em Campo Grande, coordenadora do grupo de mulheres da chapa "Ordem em Progresso" nas eleições 2015 da OAB-MS)
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Postado por: Eclair Nantes (*), 29 Outubro 2015 às 15:30 - em: Falando Nisso