Morreu aos 100 anos na noite anterior nos Estados Unidos, Henry Kissinger, considerado um dos maiores estrategistas geopolíticos da história moderna. Kissinger foi secretário de Estado e conselheiro de Segurança Nacional dos EUA nos governos de Richard Nixon e Gerald Ford. 

 

Embora Nixon tenha sido o primeiro presidente da história dos EUA a renunciar envolvido num escândalo de corrupção, Kissinger conseguiu tirar o país da fracassada guerra do Vietnã (iniciativa pela qual ganhou o Nobel da Paz) e abrir relações com a China, dando importante passo no triunfo do Ocidente na Guerra Fria que era travada contra o bloco soviético desde o fim da Segunda Guerra. Também promoveu a intermediação diplomática que levou a um cessar-fogo no conflito árabe-israelense iniciado em 1973. 

 

Em sua luta contra a extinta União Soviética na guerra fria, acabou se tornando figura polêmica e odiada por muitos na América do Sul por apoiar ditaduras militares do Cone Sul – em particular o regime brutal do general Augusto Pinochet, no Chile.

 

Fuga da Alemanha nazista

 

Heinz Alfred Kissinger nasceu em uma família judia de classe média na Baviera em 27 de maio de 1923. A família deixou a Alemanha em 1938 fugindo da perseguição nazista e emigrou para os EUA, onde se juntou à comunidade judaica alemã em Nova Iorque. Ele cursava o ensino médio à noite, enquanto trabalhava em uma fábrica de pincéis de barbear durante o dia. Convocado para o Exército, foi designado para a infantaria, sua inteligência e suas habilidades linguísticas foram usadas pela inteligência militar. Kissinger entrou em ação na batalha do Bulge e, mesmo sendo apenas um soldado raso, acabou no comando de uma cidade alemã capturada.

 

Perto do fim da guerra, ingressou no setor de contrainteligência. Aos 23 anos, conduzia um grupo de oficiais cuja missão era caçar ex-oficiais da Gestapo, o serviço secreto alemão, com poder absoluto para prender e deter suspeitos. Após retornar aos Estados Unidos, Kissinger estudou ciências políticas em Harvard, subindo na hierarquia acadêmica.

 

Ainda na ativa

 

Conselheiro informal de muitos governos dos EUA desde que deixou os cargos, em julho deste ano Kissinger fez uma visita surpresa ao presidente chinês, Xi Jinping, que o recebeu de maneira calorosa. Em meio a relação estremecida entre as duas potências, o encontro foi considerado relevante e a comunidade internacional viu a visita como uma iniciativa informal do presidente Joe Biden, em um aceno diplomático ao governo chinês sem recorrer aos canais tradicionais da diplomacia, diante de uma opinião pública nos EUA desfavorável a uma relação amigável com os chineses. Agora, países do mundo todo lamentaram sua morte e a China falou em alto e bom som: "bom e velho amigo!" (Com noticiário internacional)