Viviane Orro (*)
Manifesto é um direito, respeito é um dever
Passou o carnaval e todo mundo retoma seu cotidiano: trabalhando ou procurando emprego, estudando, viajando, cuidando daquilo que precisa ser cuidado.
E uma das coisas que precisam ser muito bem cuidadas é a nossa liberdade.
Parece que não, mas a liberdade pode ser sentida e pode ser tocada. Ela está no riso, no choro, nas palavras, no abraço. Enfim, liberdade é uma herança de Deus que precisamos defender e conservar.
Precisamos estar garantindo sempre a nossa liberdade, o direito de ser o que quisermos e de fazer o que queremos, sabendo que somos responsáveis pelo que cativamos e que pagamos o preço se fizermos escolhas erradas.
Digo essas coisas porque acredito no direito que todas as pessoas têm de expressar seu pensamento, manifestar sua opinião, sua vontade, sua insatisfação, seu contentamento. Isto é liberdade, é sagrado, é intocável.
No entanto, é necessário prestar atenção quando esta liberdade é exercida para invocar situações que podem ameaça-la ou até mesmo liquidá-la.
Está sendo convocada para o próximo dia 15 uma série de manifestações em todo o Brasil. São manifestações democráticas, porque a democracia assegura o direito à livre expressão. Ponto pacífico!
Mas, ao mesmo tempo que usa seu direito sagrado de dizer o que quer e o que pensa, a própria sociedade precisa prestar atenção no que pode ser uma consequência se dessas manifestações, caso elas desandem.
Protestar contra decisões de políticos e juízes é um direito. Quase todo mundo tem suas broncas com um senador, um deputado, um prefeito, um presidente, um juiz, um desembargador. E essa bronca pode ser manifestada, mas dentro dos limites civilizados, no campo da educação e do respeito, e dentro da lei. Só quem anda dentro da lei tem autoridade para se manifestar e protestar.
Quem anda dentro da lei, cumpre o que determina o artigo 85 da Constituição Brasileira: "São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: I - a existência da União; II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação; III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais".
O presidente foi eleito democraticamente e jurou ser fiel à CF. Toda manifestação estimulada pelo presidente da república contra as instituições, fere profundamente a lei e a democracia, e gera insegurança aos grandes investidores externos. O Brasil precisa de estabilidade econômica e institucional para atrair esses investimentos. Sem estabilidade, não há geração de emprego e renda. Isso é importante, precisamos ter consciência. Quem paga o preço, é sempre o mais pobre.
Podemos manifestar nossa indignação sempre, contando que seja dentro da legalidade. Quem anda dentro da lei e ainda por cima tem educação, consciência, bom senso e dá valor à própria liberdade, sabe que fechar o Judiciário e intervir no Legislativo são mecanismos de restrição dessa mesma liberdade.
Isso é democracia. E a nossa precisa ser aperfeiçoada.
Mas antes disso é de fundamental importância que a preservemos. Para que façamos tudo que queremos e que seja legítimo: rir, chorar, abraçar, concordar e discordar. Tudo isso sempre na claridade. No escuro, o silêncio, o medo, a traição e a tristeza é que dão as cartas. Por isso, vamos protestar, mas sem permitir que a escuridão abafe a nossa claridade.
(*Viviane Nogueira Orro é médica nefrologista e presidente municipal do PSD de Aquidauana - MS)
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Postado por: Viviane Orro (*), 28 Fevereiro 2020 às 15:40 - em: Falando Nisso