Kadafi usava estupros como arma de poder
Fotos DivulgaçãoPor Marcelo Ninio, da Folha de S.Paulo, em Jerusalém:
Mesmo para alguém familiarizado com o doentio repertório de abusos e atrocidades cometidos pelo ditador líbio Muammar Gaddafi em seus 42 anos no poder, o novo livro da jornalista francesa Annick Cojean é um soco no estômago. Em "O Harém de Kadafi", que está sendo lançado no Brasil, Cojean dá voz a Soraya, que conheceu por acaso nas ruas de Trípoli pouco após a morte do ditador, em outubro de 2011.
Escolhida numa visita de Gaddafi a sua escola quando tinha 15 anos, Soraya foi mantida até os 20 nos porões da fortaleza de Bab al Azizia, em Trípoli, sofrendo estupros diários e todo tipo de violência, para satisfazer o insaciável apetite sexual do ditador. O detalhado e arrepiante relato de Soraya abriu para a repórter francesa o mundo oculto de perversões que vitimou centenas, talvez milhares de outras mulheres.
Mas também revelou o segredo mais escondido do regime: na Líbia de Gaddafi, a violência sexual era uma arma de poder, a serviço de um governo baseado no estupro e na coação. Embalado por álcool e drogas, Gaddafi preferia jovens virgens em suas orgias seguidas de cerimônias de magia negra, mas o sexo também era usado para humilhar desafetos e mantê-los sob seu controle.
Gostava de atrair filhas e mulheres de homens poderosos, e chegou a forçar ministros e outras personalidades do regime a fazer sexo com ele, além de seduzir com joias e dinheiro mulheres de líderes africanos. Em entrevista à Folha por telefone, de Paris, a repórter do diário "Le Monde" reviveu as histórias de horror das mulheres escravizadas por Gaddafi, refletiu sobre o silêncio coletivo que o manteve impune, e confessou: "Foi a reportagem mais dolorosa que já fiz".
LEIA a íntegra da entrevista, clicando aqui.
Deixe seu comentário
Postado por: Marco Eusébio, 06 Novembro 2012 às 08:04 - em: Papo de Arquibancada