Heitor Freire (*)
Jubileu de ouro profissional
O tempo passa. Eis que me vejo do alto de meus 83 anos, atingindo patamares nunca antes pensados. Eu não sou idoso, nem velho. Sou antigo. E presente. Ativo. Estou há 60 anos casado com a mulher mais maravilhosa deste mundo. E atingindo meu jubileu de ouro profissional: 50 anos de atividades ininterruptas como corretor de imóveis.
Em novembro de 1973, fui contratado como gerente de vendas da Skhema Comercial e Construtora, uma empresa criada por Salim Felício, dono também da Apemat, uma extinta caderneta de poupança. Logo tratei de me regularizar nessa nova profissão, registrando-me na Associação Profissional dos Corretores de Imóveis de Mato Grosso e a seguir no Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 2ª Região, com sede em São Paulo, então com jurisdição no estado de Mato Grosso. Minha inscrição foi de número 9.791. O nosso Creci só foi instalado em 1980. Aqui, o número de minha inscrição é 12.
Daí para a frente, fui arregaçar as mangas e partir para o trabalho. O primeiro empreendimento da Skhema foi o lançamento do Edifício 26 de Agosto, um prédio de escritórios no centro da cidade. Iniciei minhas atividades com sucesso, desde o começo. Em menos de 45 dias, vendemos 60% das salas comerciais disponíveis. O curioso é que alguns clientes não tinham nem casa própria, o que provocou reclamação de suas respectivas mulheres.
A nossa equipe, embora bem pequena, era muito ativa e competente: Aloysio Franco de Oliveira – advogado que depois seguiu carreira com muito sucesso na Secretaria de Segurança Pública, como delegado –, Armando Ramos Mendes, Darlan Leite Soares, Wilma Agacy Maurer, Francisco Rezende e Raiman Araguaino Félix.
Pouco depois, em 1974, a Skhema lançou ao mesmo tempo dois novos prédios em Cuiabá, o que considero um feito notável. Naquela época, a rivalidade entre Campo Grande e Cuiabá era muito acirrada, e uma empresa sediada em Campo Grande tinha muita resistência entre o povo cuiabano. Mas apesar disso, em apenas quatro meses conseguimos vender 65% dos apartamentos.
Anos depois, fundei uma empresa imobiliária com meus colegas Wilma Agacy Maurer e seu marido Francisco Rezende, a Status Consultoria de Imóveis. Quando eu saí da Status, fui contratado como gerente de vendas da Financial Imobiliária, que com nossa atividade, expandiu seus negócios para Dourados e Cuiabá. Mais adiante, em 1980, criei, juntamente com minha mulher, Rosaria – também corretora de imóveis – o nosso próprio escritório imobiliário.
Ainda em 1980, fui eleito presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis, que havia pouco tempo tinha sido fundado por Ubirajara Roehr, que naquela época presidia a associação profissional da classe, um embrião do que viria a ser o Sindicato. Iniciei, assim, uma carreira sindical que não teve mais fim.
Minha participação nas atividades classistas foi muito intensa: fui fundador do Sindicato e seu presidente por seis anos; fundador do Conselho Regional de Corretores de Imóveis, membro do conselho, inicialmente por 12 anos consecutivos e depois de um longo período, novamente nestes últimos 12 anos; mentor, instalador e presidente da Câmara de Valores Imobiliários – cadeira número 1 –, por sete anos consecutivos, e também fundador do Secovi – o Sindicato das Empresas Imobiliárias. O número de registro do nosso escritório no Secovi era o número 1.
Este ano, fui agraciado com a Comenda Ubirajara Roehr, concedida pela Assembleia Legislativa do nosso estado. E, há poucos dias, recebi uma homenagem do sindicato, que muito me comoveu: o título de patrono da galeria de presidentes do Sindicato dos Corretores de Imóveis de Mato Grosso do Sul.
Minha caminhada profissional tem sido pautada pela mais estrita observância dos preceitos normativos do nosso ofício: ética, honestidade, responsabilidade, compromisso, integridade.
Há cinquenta anos, tive a oportunidade de ingressar na atividade de corretor de imóveis e ao longo desse tempo pude influenciar um número crescente de colegas que começaram em nosso escritório e hoje são verdadeiros ícones da profissão. Tenho muito orgulho da semeadura e da colheita abundante que essa caminhada propiciou.
Aprendi a ser altivo sem ser orgulhoso, e humilde sem ser subserviente. Como disse Abraham Lincoln: “No fim, não são os anos em sua vida que contam. É a vida em seus anos.”
Assim, hoje só tenho a agradecer a Deus pela oportunidade e pela constatação de que valeu a pena. A caminhada continua.
(*Heitor Rodrigues Freire – corretor de imóveis e advogado)
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Postado por: Heitor Freire (*), 04 Novembro 2023 às 09:00 - em: Falando Nisso