Paulo Magalhães (*)
Independência ou morte
Estamos na “Semana da Pátria” ou na semana em que se comemora a independência do Brasil. Todavia será que realmente houve independência de nosso País como aconteceu nos demais ou somente uma separação por conta de interesses do Reino de Portugal?
Tomando por exemplo os Estados Unidos da América que em 1776 se fizeram independentes da Inglaterra, temos: depois de lutas e revoltas civis o regime republicano foi vencedor e a administração da nação americana restou capitaneada por americanos. Tanto a forma de governo quanto a legislação, passando pelo governante (George Washington), a nova nação renovou.
E o Brasil?
Em 1822, mais precisamente no dia 7 de setembro, o governo brasileiro passou de um português (D. João VI) para outro (D. Pedro I). Nada se modificou no sistema administrativo. Continuaram a gerir o País os mesmos ministros, o regime monarquista sobreviveu, José Bonifácio continuou “dando as cartas”. A tal “independência” existiu apenas para “inglês ver” e “adoçar a boca” de alguns brasileiros que insistiam em querer afastar Portugal da administração para conseguir “abocanhar” alguns “carguinhos” públicos que pudessem sobrar com a retirada de poucos galegos.
No ano de 1831, nove anos depois da “independência” fajuta, D. Pedro I abdicou do trono brasileiro em favor de seu filho. Como D. Pedro II era ainda criança (5 anos apenas), sua educação ficou por conta de José Bonifácio (o mesmo que atendia D. João VI e Pedro I).
Enquanto D. Pedro II crescia o País era governado por juntas. A primeira, provisória, foi formada pelos senadores José Joaquim Carneiro de Campos e Nicolau Pereira de Campos Vergueiro e pelo brigadeiro Francisco de Lima e Silva. Era a “cara” do primeiro Império (de D. Pedro I).
Posteriormente passou a governar do Brasil a junta trina permanente que pouco mudou a concepção da junta trina provisória. Formada por Costa Carvalho e Braulio Muniz (exaltado representante do Norte) tinha como terceiro membro o continuísta brigadeiro de confiança do imperador Pedro I (Francisco de Lima e Silva).
Em 1840, com 15 anos de idade, assumiu o poder brasileiro D. Pedro II como segundo Imperador do Brasil.
Como era de se esperar, considerando que a administração do Estado brasileiro continuava sendo gerenciada pelos mesmos administradores do tempo de D. Pedro I e outros de D. João VI, o Segundo Reinado assemelhou-se ao Primeiro, trazendo de volta o Poder Moderador e o Conselho de Estado.
Em 1889, mesmo com o advento da República, praticamente nada mudou. O Marechal Deodoro da Fonseca foi “escalado” por ser amigo íntimo de D. Pedro II e capaz de fazer a transição sem conflitos prometendo não destituir dos cargos de importância aqueles que já participavam do governo imperial.
Os “republicanos” eram, na verdade, monarquistas ávidos para conseguir poder e que estavam relegados a segundo plano.
Assim sendo, a “Independência” e a “República” no Brasil, diferentemente do restante do mundo moderno, não ocorreram por patriotismo do povo e sim para acomodar interesses de políticos que queriam mais “espaço” no governo.
Nem mesmo Tiradentes e os demais inconfidentes foram patriotas. Eram contrabandistas de ouro e queriam exclusivamente não pagar os impostos que deviam ao fisco. Como os atuais sonegadores (criminosos de colarinho branco), os integrantes da Conjuração Mineira não se importavam se o Brasil era ou não colonia de Portugal, se estava ou não sendo roubado pelo Reino. Queriam tão somente "se dar bem" e continuar a agir como traficantes sem serem incomodados. Essa versão fictícia de heroismo somente veio a ser montada por época da República com a finalidade de criar personagens históricos e que respaldassem a "nova" realidade brasileira.
Fácil entender esta farsa quando constatamos que Tiradentes foi morto em 1792 e a "independência" se deu em 1822 - apenas 30 anos depois. Assim, se realmente Joaquim José da Silva Xavier fosse o "Martir da Independência" e tivesse efetivamente atuado como patriota, seu nome deveria ser lembrado logo no dia seguinte do afastamento de Brasil de Portugal. Todavia é possível observar que o Alferes da milicia das Minas Gerais somente foi "descoberto" mais de 70 anos depois o que demonstra indubitavelmente que foi um ídolo forjado - assim como a "Independência" do Brasil.
Se por um lado esta versão contraria a história que aprendemos na escola quando crianças, por outro lado não pode ser contestada por se basear exclusivamente em fatos reais acontecidos.
Talvez o aprofundamento da verdade possa explicar esta inércia do brasileiro comum que aceita passivamente toda e qualquer versão apresentada pela mídia facciosa, essa capacidade de aceitar tudo passivamente, de não revoltar-se nem mesmo quando os interesses coletivos estão sendo prejudicados ou subtraídos.
(*Paulo Magalhães é advogado em Campo Grande-MS, delegado de polícia civil aposentado e presidente da ONG Brasil Verdade)
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Postado por: Paulo Magalhães (*), 07 Setembro 2011 às 11:54 - em: Falando Nisso