Ícone do século 20, Fidel chega aos 90 anos
Omara Garcia Mederos/Agência Cubana de notícias/AFP/EM Reprodução
O guerrilheiro que combateu ao lado de Ernesto Che Guevara e aparecia nas fotos com o famoso charuto está distante do poder, ao menos em termos protocolares, mas, apesar dos pesares da idade, segue reverenciado como o principal líder de Cuba que celebra neste sábado os 90 anos de vida de Fidel Alejandro Castro Ruz. Amado e odiado por muitos, o pai da Revolução Cubana cumpriu a promessa feita uma semana depois do início do movimento armado, quando pronunciou uma frase quase profética. "Eu serei o homem mais odiado de Cuba", disse, em 8 de janeiro de 1959.
As celebrações incluem a tradicional cerimônia do “Canhonazo de las nueve” — às 21h de hoje (22h DF), haverá disparos de artilharia na Fortaleza de San Carlos de la Cabaña e a abertura da exposição fotográfica intitulada Fidel é Fidel. Três horas depois, um grande concerto com artistas cubanos ocorrerá na Tribuna Antiimperialista José Marti, praça ao lado do Malecón e da Embaixada dos Estados Unidos. Outras cerimônias estão previstas para outras localidades da ilha socialista.
A historiadora carioca Claudia Furiati, autora de "Fidel Castro – Uma biografia consentida", considera o “Comandante” como "o último líder vivo e um dos maiores estadistas do século 20". “Ele traduz, por toda a sua vida e sua obra, o símbolo do guerreiro libertador do Terceiro Mundo. Fidel foi, e é, o grande militante aintiimperialista, o que muitos chamam, em outro código, de ditador comunista. Por ter pregado e realizado um ideal de emancipação, com enorme capacidade e inteligência, ele despertou ódio e desejo de morte", comentou.
Fidel teria sofrido pelo menos 680 tentativas de assassinato por parte da Agência Central de Inteligência (CIA). Para matá-lo, os EUA teriam usado uma espiã que virou "noiva" de Fidel, um traje de neopreno coberto de bactérias e um drinque envenenado, entre outros recursos. "Fidel não desafiou apenas os Estados Unidos. Ele nos faz lembrar que é plenamente possível não ser quintal, cliente ou freguês dos EUA", acrescentou Furiati.
Durante três anos e meio, o jornalista cubano Roberto de Jesus Guerra Pérez viveu como preso político por denunciar as arbitrariedades do regime castrista. "Foram mais de 200 detenções desde 2005. Eles me mantiveram por seis meses e oito dias sob tortura. Toda a minha família foi encarcerada", relatou à reportagem o diretor-geral da agência de notícia Hablemos Press, sediada em Havana. "Para mim, Fidel representa ódio, traição, um ditador que soube enganar amigos e inimigos. Mas eu reconheço que ele é um brilhante pensador, manipulador das massas e um homem que soube como manobrar a liderança."
(Com Rodrigo Craveiro, do Estado de Minas)
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Postado por: Marco Eusébio, 13 Agosto 2016 às 12:45 - em: Garimpando Historia