Sem previsão de receitas suficientes, o governo Lula decidiu alterar a meta de resultado das contas públicas, conforme o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) enviada ontem ao Congresso. A previsão agora é de déficit zero em 2025 e superávit de 0,25% do PIB em 2026 (ante previa superávits de 0,50% e 1%, respectivamente). O superávit só deve ser alcançado em 2026, com projeção de 0,25% do PIB, ou R$ 33,1 bilhões. Na prática, isso adia o ajuste fiscal para o próximo mandatário. A revisão das projeções repercutiu no mercado. O dólar fechou o dia cotado a R$ 5,18, maior valor em mais de um ano, impactado também pela tensão no Oriente Médio.

 

SALÁRIO MÍNIMO – Ao mudar a meta, o governo sinaliza que a arrecadação não vai crescer como ele esperava antes e, assim, a balança entre receitas e despesas vai ficar com um resultado menor. Há, ainda, a preocupação com a trajetória dos gastos obrigatórios, sobretudo das despesas previdenciárias e assistenciais, atreladas ao salário mínimo. Para 2025, o governo projetou na LDO o valor de R$ 1.502 para o mínimo, uma alta de 6,37% – quase o dobro da inflação projetada pelo governo para 2024, de 3,25% para o INPC. Isso porque, agora o mínimo é corrigido pela inflação do ano anterior mais a variação do PIB de dois anos antes. Essa indexação aumenta, automaticamente, o valor de pensões e benefícios do INSS, que são o principal gasto público. (Com Estadão e ABr)