Gerson Claro classifica como 'inadequado e infeliz' uso de livro de Hitler na Assembleia
Luciana Nassar/Alems
Na sessão de hoje da Assembleia, o presidente da Casa, Gerson Claro (Progressistas), classificou como "inadequado e infeliz" o uso do livro "Mein Kampf" ("Minha Luta"), de Adolf Hitler, pelo deputado João Henrique Catan (PL) durante discurso na tribuna, na última terça-feira, para criticar o apoio parlamentar ao governo estadual. Catan prometeu processar órgãos de imprensa que o acusaram de fazer apologia ao nazismo e até adversários petistas admitiram que isso não ocorrem, embora também tenham lamentado o episódio.
“Sobre as menções ao Poder Legislativo Estadual pela imprensa regional e nacional, bem como por mensagens nos canais de comunicação da Casa, reitero o posicionamento contrário acerca da manifestação do deputado João Henrique. O uso deste livro na tribuna foi inadequado e infeliz, uma vez que relembra um momento da história da humanidade que nos entristece e não é motivo de orgulho em qualquer Casa da Democracia do mundo”, disse Gerson, frisando que a Casa vai se pautar em debates e ações que visam o desenvolvimento regional e não aceitará espetacularização midiática. “Vamos manter este padrão e não se pautar pela lacração da internet. Quem tiver manifestação contrária, procure as vias ordinárias. Aqui exigimos o rigor da Constituição e do Regimento Interno”, acrescentou.
POLÊMICO, MAS SEM APOLOGIA
Catan, que usou o livro de Hitler para criticar o fato de a maioria dos deputados apoiar a gestão do governador Eduardo Riedel (PSDB), ao qual ele faz oposição, disse na sessão que muitos veículos de imprensa publicaram que ele teria exaltado Hitler, e prometeu acionar a Justiça. “Em um ato covarde e desrespeitoso, publicaram que exaltei Adolfo Hitler. Alguns apagaram até os links, mas vou até o fim em busca de justiça”, afirmou.
Embora também critiquem o bolsonarista por comparar a Alemanha de Hitler com a política de MS, até adversários petistas admitiram que não houve apologia ao nazismo, como divulgado em alguns meios de comunicação. “Fui muito procurado pela imprensa e esclareci que o que estava sendo divulgado não correspondia ao que aconteceu na Assembleia. Precisamos ser honestos. Se tivesse apologia, seria o primeiro a acionar a Comissão de Ética”, afirmou o deputado Pedro Kemp (PT).
'BANALIZAÇÃO DO MAL'
Amarildo Cruz (PT) usou a tribuna para dizer que está preocupado com a "banalização do mal" a qualquer custo. "Hoje, nós vivemos momentos que, 'lacrar', que é o termo usado para que você possa 'bombar nas redes sociais', por exemplo, passa a ser mais importante do que qualquer outra coisa, do que qualquer outro valor duramente discutido e conquistado pela sociedade ao longo dos anos", afirmou. Sobre o uso do livro de Hitler, por Catan, declarou: “Não assistimos uma exaltação direta à obra do nazista Adolfo Hitler, mas indiretamente provocou uma grande discussão. No Brasil, nos anos Bolsonaro, as células de nazistas organizados no nosso país, cresceram de 72, nos últimos quatro anos, para 1.117. Isso me incomoda muito. Não podemos tolerar isso" afirmou, frisando que Parlamento precisa discutir parâmetros e limites para isso não acontecer mais.
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Postado por: Marco Eusébio, 09 Março 2023 às 15:15 - em: Principal