Festas natalinas Heitor Freire (*)

Festas natalinas

O mês de dezembro se caracteriza por irradiar uma energia de paz e amor, principalmente pela realização das festas natalinas que, em tese, deveriam comemorar o nascimento do menino Jesus. Em tese, porque o que mais se observa é a confraternização de pessoas, com excesso de compras, comilança e bebedeira que contradizem a esperança de um mundo melhor e a expectativa de mais um ano verdadeiramente novo e promissor. Bem sabemos que o consumismo e um mundo melhor não são compatíveis.
 
Outro ponto a destacar é a simbologia que as festas representam. Assim, temos hoje como símbolo mais proeminente a árvore de Natal. Árvore oriunda dos países nórdicos, e que no nosso caso, aqui no Hemisfério Sul, nada tem a ver com nosso clima, tradição e cultura. Na América Latina, apenas a partir do século XX teve início essa tradição do pinheiro de Natal.
 
"Outra festa pagã que teve grande contribuição para a simbologia natalina, sobretudo no Hemisfério Norte, foi a festa conhecida como Yule ou Jól. Essa festa acontecia entre os povos nórdicos e dela foram herdados elementos como a árvore de Natal. O Yule era celebrado durante dias e arrastava-se de 21 de dezembro a meados de janeiro.” (Site Brasil Escola).
 
O Natal começou a ser celebrado para substituir a festa pagã da Saturnália, que por tradição acontecia entre 17 e 25 de dezembro, na Roma antiga. A comemoração do Natal em substituição a essa celebração foi uma tentativa de facilitar a aceitação do cristianismo entre os pagãos. A data foi instituída pelo imperador romano Constantino (que naquela época tinha grande influência junto ao papa) para agradar aos cristãos. A instituição da data do nascimento de Jesus em 25 de dezembro, segundo alguns historiadores, foi oficializada durante o pontificado de Julio I, papa da Igreja Católica no ano de 350.
 
O nascimento de Jesus está registrado em Lucas 2 - 4,7: “Assim, José também foi da cidade de Nazaré da Galileia para a Judeia, para Belém, cidade de Davi, porque pertencia à casa e à linhagem de Davi. Ele foi a fim de alistar-se, com Maria, que lhe estava prometida em casamento e esperava um filho. Enquanto estavam lá, chegou o tempo de nascer o bebê, e ela deu à luz o seu primogênito. Envolveu-o em panos e o colocou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria”.
 
Em 1223, São Francisco de Assis, procurando comemorar o nascimento de Jesus de uma forma mais significativa e baseado nessa passagem narrada por Lucas no Novo Testamento, compôs a singela imagem do presépio num ambiente acolhedor, modesto e recheado de animais, que passou a ser considerado uma tradição da Igreja Católica.
 
E o Papai Noel? 
 
A origem histórica do Papai Noel está diretamente relacionada com São Nicolau de Mira, também chamado de Nicolau Taumaturgo, um bispo cristão que viveu entre os séculos III d.C. e IV d.C. O bispo Nicolau viveu na Ásia Menor, ou Oriente Médio (numa região que hoje corresponde à Turquia) e ficou conhecido por sua generosidade, pois conta-se que, em sigilo, colocava um saco com moedas de ouro na chaminé das casas dos que estavam precisando de ajuda na época do Natal.
 
A história do Papai Noel alcançou a América por meio de imigrantes holandeses que foram para lá no final do século XVIII. Relatos da época contam que esses imigrantes teriam se juntado para celebrar Sinterklaas, figura que correspondia a São Nicolau.
 
No século seguinte, a imagem de São Nicolau como Papai Noel ganhou força, principalmente por causa de um poema publicado em 1823 por Clement Clarke Moore. Esse poema ficou conhecido como A Visit from Saint Nicholas (Uma visita de São Nicolau). A partir daí, a imagem moderna do Papai Noel se expandiu nos Estados Unidos.
 
O velhinho rechonchudo, de barba branca e roupa vermelha de inverno apareceu pela primeira vez na revista norte-americana Harpers Weekly, em 1881. Mas um tempo depois, já em 1931, o desenhista Haddon Sundblom partiu dessa ideia e elaborou ainda mais a imagem do “bom velhinho” em um comercial da Coca-Cola, acrescentando um saco de presentes e um gorro. 
 
O Natal foi assim institucionalizado com uma comemoração que acabou sendo um somatório de influências muito variadas ao longo dos tempos e perpassando muitas culturas mundo afora.
 
No entanto, a meu ver, o símbolo mais significativo do Natal é o presépio, que ultimamente tem perdido espaço nas nossas casas e deveria ser recuperado, por representar com mais propriedade o nascimento de Jesus, com a simplicidade que foi sempre ensinada por Ele desde que chegou ao mundo e por toda a sua vida.
 
(*Heitor Rodrigues Freire – corretor de imóveis e advogado)


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Postado por: Heitor Freire (*), 23 Dezembro 2023 às 09:00 - em: Falando Nisso


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