Fanáticos por futebol, graças a Deus! Antonio Carlos Teixeira

Fanáticos por futebol, graças a Deus!

Dezembro é angustiante para os apaixonados por futebol. É quando termina a temporada brasileira – em todas as divisões, da elite à Série D. Se é o melhor mês do ano para o comércio em razão do Natal e Ano Novo, para os fanáticos por esse esporte é um período de abstinência de até dois meses.
 
Tempo em que nos prendemos por pouca coisa, como a partidas de final de ano entre jogadores, ex-jogadores e artistas consagrados. Quando desfila também o maior contingente de pernas de pau – indivíduos sem habilidade alguma com os pés – em gramados sagrados, como Vila Belmiro, em Santos; Maracanã, no Rio; Mineirão, em Belo Horizonte, e tantos outros.
 
São convidados dos anfitriões pagodeiros, funkeiros, sertanejos, "parças", a maioria fora de forma. Mas há quem fique em frente à TV para ver tantos atletas medíocres? Sim, eu. E milhões de outros brasileiros que sofrem de abstinência futebolista em pleno dezembro. São 60 dias, reclamaria o mais impaciente.
 
Dezembro é extremamente agitado. Homens ou mulheres que gostam de futebol têm tarefas bem definidas nesse período: fazer compras em shopping, enfrentar filas enormes em supermercados, participar de confraternizações variadas, da firma, da turma da academia, do grupo de peladas e tantas outras atividades. 
 
Sim, apesar de todo o movimento, sentimos falta do futebol em dezembro. Vazio enorme. Em casa, nossas mulheres ou maridos não conseguem acreditar que, depois de dez meses vendo futebol às quartas, quintas, sábados e domingos, não conseguimos nos segurar por dois meses somente. "Isso só pode ser doença", dizem.
 
Sim, um mês apenas para quem gosta de acompanhar partidas das categorias de base. Porque, em janeiro, começa a Copa do Mundo para os abstêmios: a Copa São Paulo de Futebol Júnior, a Copinha. Copinha uma ova! É competição que nos leva ao êxtase. Ainda que a maioria das partidas seja disputada em gramados lamacentos e esburacados por causa das chuvas de janeiro em São Paulo, estado sede da competição.
  
Os meninos do Santos, meu time do coração, estrearam sexta-feira (3), às 19h15, em Marília, contra o desconhecidíssimo Timon, do Maranhão. O adversário pouco importa. Dei um jeito de sair mais cedo do trabalho. Em casa, subi garrafas de cerveja para o congelador, joguei sal grosso em alguns pedaços de bife de chorizo e ancho, cortes argentinos fáceis de preparar, e fui pro sofá.
 
Era, enfim, o retorno do futebol pra mim, após um mês de abstinência. Só quem sofre desse mal para entender o significado de poder se sentar no sofá, abrir uma cerveja bem gelada, com tira-gosto e curtir uma partida de futebol. Ainda que seja entre garotos, que não sabemos se um dia vão vestir a camisa do time de cima.
 
Que ninguém desmereça ou desqualifique uma partida da Copinha. Como dito mais em cima, é nossa Copa do Mundo. Não nos acusem de "doidos". Pois é quando começamos a nos aquecer para enfrentar a temporada de dez meses de futebol, ao vivo, nos estádios, ou pela TV, rádio e internet.
 
Somos todos moleques – nascidos na beirada dos campos de terra, nos vários rincões deste país – a contemplar o esporte mais singular e popular do planeta. Seja criança, adulto, ou idoso, não importa: se há bola, campo e 22 jogadores, tem-se uma partida de futebol. Nós, futebolistas, nos acostumamos com pouco. Mas amamos esse pouco. Porque somos fanáticos por futebol, graças a Deus!
 
(*Antonio Carlos Teixeira é jornalista campo-grandense formado 1ª turma de Jornalismo da UFMS e mora em Brasília há 21 anos onde é assessor da Receita Federal. Foi assessor de imprensa do senador Waldemir Moka, MDB, e em MS atuou nos jornais Diário da Serra e Correio do Estado) 


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Postado por: Antonio Carlos Teixeira, 07 Janeiro 2020 às 11:15 - em: Falando Nisso


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